O promotor Nadir de Campos Júnior disse que é inaceitável a tese dos advogados de Suzane von Richthofen de absolvição por 'coação moral irresistível'. O advogado de Suzane, Mauro Otavio Nacif, disse que vai pedir a absolvição da garota e usar a perda da virgindade dela com o seu primeiro amor para dizer aos jurados que ela foi induzida pelo namorado . No julgamento, marcado para começar na próxima segunda-feira, dia 5, o advogado vai dizer que Suzane era dominada pelo namorado, que fazia tudo o que ele mandava porque estava apaixonada.
Campos Júnior afirmou que, pelos depoimentos que Suzane deu à polícia, é difícil acreditar que ela tenha sido coagida por seu então namorado, Daniel, e o irmão dele, Christian, a matar os pais, Marísia e Manfred. Segundo ele, a garota estava interessada na herança da família.
- Essa tese não é aceitável porque não está condizente com as provas que foram juntadas no processo. Essa tese contraria a versão dos fatos relatada pela própria Suzane. A garota planejou tudo. Permitiu a entrada dos executores do crime na casa, acendeu a luz para que eles pudessem ir até o quarto onde estavam os pais e iniciar a matança. Isso não me parece uma coação moral irresistível. Que coação é essa? - questionou o promotor.
Para ele, uma pessoa coagida procuraria a polícia e não planejaria detalhe por detalhe a morte dos pais, "inclusive indo até um motel para pedir uma nota fiscal para tentar provar que estava em outro lugar na hora do crime".
Além disso, explicou o promotor, Suzane poderia poupar a mãe, com quem ela dizia ter uma boa relação. Campos Júnior disse ainda que a maneira como Marísia e Manfred foram mortos, a pauladas, também mostra uma face terrível do crime planejado pelos três.
Campos Júnior diz que a mãe de Suzane ficou agonizando por três minutos e, portanto, a garota poderia ter poupado uma morte tão cruel para a mãe.
- Eles tinham uma arma e poderiam usá-la, com um tiro na cabeça.
Para o promotor, o argumento que estão apresentando é próprio da defesa, mas é preciso lembrar que Suzane briga pela herança com o irmão Andreas.
- É um absurdo que ela queira dividir a herança. A impressão que se tem é que ela diz ao irmão: eu que matei o papai e a mamãe e, por isso, tenho que ficar com o dinheiro - disse o promotor.
Segundo Campos Júnior, logo após confessar o crime, Suzane chegou a dizer que não tinha muita certeza de quem planejou o crime, ela ou o namorado. Ele disse que tem que ficar bem claro ao júri que não importa quem é o autor do crime, mas que o crime ocorreu.
- É como o assalto ao Banco do Brasil em Fortaleza. Não importa quem fez o buraco. O que interessa é que o dinheiro foi roubado do cofre - disse.