Sem apoio do DEM e sob pressão para que abandone o partido antes de ser submetido a um processo de expulsão, o governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, vai ser recebido quarta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador havia pedido o encontro na semana passada. Neste sábado (13), o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, informou que a audiência está agendada para a tarde desta quarta-feira de cinzas.
Paulo Octávio disse ao Estado que quer conversar com o presidente da República sobre a "turbulência política" no DF, a possibilidade de intervenção e "obter apoio para garantir a governabilidade".
Apesar dos esforços para atrair aliados - até na oposição - e viabilizar um governo de coalizão, Paulo Octávio não pode mesmo contar com o apoio do partido dele. Depois de entregar a presidência do DEM no Distrito Federal, o governador avaliou ontem a sua situação partidária: "Não cogito (sair do DEM), e espero que isso não aconteça. Não tem sentido porque acabei de assumir o governo. Ninguém (do comando do partido) me ligou. Só sei (desse assunto) pela imprensa", afirmou ao final de uma visita às obras do Hospital de Base.
No limite
Para o líder do partido no Senado, Agripino Maia (RN), "é um direito dele não deixar o DEM". Em entrevista ao Estado, porém, Agripino acrescentou: "O limite de constrangimento que o caso Arruda impôs ao partido chegou ao extremo. O Democratas, como instituição, não merece pagar o preço que a crise do DF está lhe impondo." Por isso, ele julga "acertada" a decisão da Executiva de proibir os filiados de aceitarem cargos no governo de Paulo Octávio.
Agripino avalia que a situação está ficando "delicada". "Ele é um governador filiado ao partido e o partido não dá suporte a seu governo, porque não permite que seus filiados participem do governo. Se houver denúncias consistentes, o partido não hesitará em pedir o seu afastamento", advertiu, lembrando que Arruda teve igualmente de se desfiliar para não ser expulso.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) reafirmou claramente a posição de pedir a expulsão de Paulo Octávio, caso ele mesmo não tome a iniciativa. Demóstenes reiterou que, na próxima quinta-feira, vai apresentar pedido de intervenção no diretório do Distrito Federal e o desligamento de membros do DEM que ainda estiverem no governo.
Carlos velloso
Paulo Octávio está desde a quinta-feira passada, quando o Superior Tribunal de Justiça determinou a prisão de José Roberto Arruda, articulando a sobrevivência política dele e, ao mesmo tempo, tentando viabilizar um governo de coalizão que ajude o Supremo Tribunal Federal (STF) a não decretar a intervenção no DF. Lula disse em Goiânia, na sexta-feira passada, que acatará a decisão de intervenção, se o STF decidir pela medida.
Depois de pedir que todos os secretários entregassem os cargos - a maioria já atendeu ao pedido -, o governador em exercício está usando o feriadão do carnaval para circular pela cidade e aparecer em público, visitar obras e manter conversas políticas. Ontem fez o convite para o ex-ministro do STF Carlos Velloso integrar o governo, "no cargo que quiser". Velloso não aceitou o convite.
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