O juiz federal Sergio Moro, que está à frente do processo judicial de um dos maiores escândalos de lavagem de dinheiro da história recente do país na operação Lava Jato, que envolve a Petrobras e diversas empreiteiras, disse nesta quinta-feira (4) que reunir provas "acima de qualquer de dúvida razoável" é algo fundamental para se evitar qualquer falha processual. "Eu dou aula de processo penal e sempre falo para meus alunos: processo penal é acima de tudo uma questão de provas, você precisa ter provas para responsabilizar alguém criminalmente. Essa prova tem que ser muito boa", afirmou Moro, durante sua apresentação em um evento sobre combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, no Rio de Janeiro.
Moro, que palestrou para uma plateia de cerca de 50 pessoas, foi discreto mais uma vez -- a organização do evento até pediu para que ele não fosse filmado ou fotografado. O juiz da Operação Lava Jato, que estava acompanhado de dois seguranças, indicou durante sua fala o quanto ele é criterioso na questão de provas. "Para que você minore as chances de falha do Poder Judiciário, a prova tem que ser categórica e acima de qualquer dúvida razoável", acrescentou Moro.
Depois do evento, o juiz explicou à imprensa que não poderia dar entrevista, especialmente sobre as investigações da Lava Jato, da Polícia Federal. "Vou ficar devendo porque não posso falar de um caso pendente e as perguntas de vocês são sobre um caso pendente, aí eu vou ficar devendo mesmo", afirmou a jornalistas.
Questionado se se considerava um ídolo nacional, por ter levado a prisão grandes executivos suspeitos de esquemas de corrupção, Moro respondeu apenas que não. Também presente no evento, o juiz federal Marcello Granado, que participou das investigações no caso do Mensalão, afirmou que os casos de corrupção no Brasil estão aparecendo com mais facilidade como reflexo de uma evolução do Judiciário.
Embora tenha destacado que não comentaria casos específicos e que não foram ainda concluídos, deu a entender que a Operação Lava Jato o surpreendeu. "Naquela época (do Mensalão), estando dentro do processo, a gente imagina que aquilo é uma coisa grande. E aí, passa algum tempo, e a gente vê que há coisas muito maiores", disse a jornalistas, ao comparar a Lava Jato com o Mensalão, esquema de desvio de dinheiro público para compra de apoio parlamentar durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não tenho esse dado concreto, é apenas uma opinião de quem está há 20 anos praticamente neste meio, os crimes sempre aconteceram. O que está acontecendo hoje é que se está levantando o tapete, com pouco mais de facilidade", afirmou Granado.
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