“Esse tipo de coisa me incomoda”, declarou o juiz federal Sergio Moro sobre as especulações que giram em torno de sua atuação no âmbito da Operação Lava Jato .
O magistrado participou de um evento com empresários do Paraná na noite desta quarta-feira (9), no Castelo do Batel, em Curitiba. Ele proferiu uma palestra para cerca de 100 convidados, que depois puderam fazer perguntas ao magistrado.
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Citando a circulação de uma falsa notícia de que seu pai seria um dos fundadores do PSDB em Maringá, Moro ressaltou que nunca teve motivações partidárias para condenar ou inocentar réus.
“Meu pai já é falecido, era professor de Geografia, talvez a pessoa mais honesta que eu conheci. Tenho zero ligação com partidos (...). O juízo trabalha com fatos. Interesses partidários não são o caso dentro da minha profissão”, declarou.
Na palestra, Moro detalhou casos já julgados no âmbito da Lava Jato e pediu desculpas por não poder comentar ações que ainda tramitam na Justiça Federal. Ele também comentou a situação econômica do Brasil. “Me sinto consternado com o quadro econômico do país, mas acredito que a culpa não é da Lava Jato. É preciso trabalhar contra a corrupção sistêmica, o que é bom em todos os sentidos”, disse.
Moro se mostrou otimista sobre a recuperação econômica do Brasil e disse que é preciso “andarmos juntos, não para trás”, citando recessões e ditaduras pelas quais o país já passou. “É preciso tolerância em relação ao outro e comportamento amigável, sem discurso de ódio de ambos os lados”, disse, ao se recusar a responder uma das perguntas envolvendo as investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ataques à Lava Jato
Ressaltando que as investigações da Lava Jato “têm recebido acirrados ataques”, o juiz disse acreditar que as críticas à operação não devem estar ligadas aos problemas que o Brasil enfrenta. “Temos duas alternativas: podemos varrer esses problemas de corrupção para debaixo do tapete ou podemos enfrentá-los com seriedade. A primeira alternativa, apesar de usual, não é aceitável”, afirmou aos empresários.
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Leia a matéria completaMoro declarou ainda que, em todas as condenações da operação, “há provas documentais”. “As delações [premiadas] são a cereja do bolo”, afirmou. Trazendo novamente como exemplo a operação Mãos Limpas, da Itália, o magistrado destacou que, no Brasil, é preciso que a Lava Jato traga resultados duradouros ao país. “Não vai se mudar o sistema e a cultura se formos esperar os governos e políticos, não precisamos deles para criar uma iniciativa empresarial interna contra o pagamento de propina e a corrupção”, pediu aos empresários.
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