O advogado Sérgio Wesley Cunha, preso por desacato à autoridade durante acareação na CPI do Tráfico de Armas, pode sair do episódio sem denúncia formal contra ele e, além disso, ainda ameaça processar os integrantes da comissão e a Câmara dos Deputados por abuso de autoridade, calúnia e difamação.

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Passada uma semana do episódio, o acusado pelos deputados de ser 'pombo-correio' do crime organizado continua solto. Nesta quarta-feira, se reúne com seu advogado, Ademar Gomes, da Associações dos Advogados Criminalistas de São Paulo (Acrimesp), para discutir ações contra os deputados e aguarda notas taquigráficas do depoimento e da acareação para sair da defesa para o ataque. Gomes confirma que haverá uma ação contra os deputados.

- Não há justificativa legal para que eles me denunciem. Eles me acusam de corrupção ativa, mas não têm provas. O próprio funcionário da Câmara diz que eu não paguei nada pelo CD e não prometi pagar nada depois-diz Sérgio Wesley.

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O advogado é acusado de ter comprado de Arthur Vinícius Pilastre Silva, funcionário terceirizado da Câmara federal, cópia do conteúdo reservado dos depoimentos do delegados do Departamento de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo à CPI do Tráfico de Armas. Com ele estava também a advogada Maria Cristina Rachado, que defende Marcos Camacho, o Marcola, acusado de liderar o crime organizado no estado.

O advogado afirma que estuda processar os deputados por abuso de autoridade, injúria e calúnia e responsabilizar a Câmara dos Deputados. Um dos motivos é ter sidopreso durante a acareação. Ele diz que o crime de abuso de autoridade não é passível de prisão. E argumenta que, embora tenha saído algemado do plenário, acabou sendo liberado depois de assinar apenas um termo circunstanciado.

- Foi uma farsa. Não existe prisão por desacato, muito menos seria necessário eu sair algemado. Eles prepararam tudo para a foto. Não tinha por onde eu sair ou fugir-reclama.

Sérgio Weslei afirmou que apenas reagiu a uma provocação do deputado Arnaldo Faria de Sá. Durante a acareação, o deputado afirmou que o advogado havia aprendido muito na 'malandragem', e recebeu como resposta: 'A gente aprende muito rápido aqui'.

- Fui enxovalhado. Ninguém tem sangue de barata-resume.

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Acusado durante a acareação de ser advogado da facção criminosa que comandou os ataques terroristas a São Paulo, Sérgio Wesley afirma que a acusação é improcedente, pois não existe a 'figura jurídica' da facção. Segundo ele, tampouco cabe a argumentação dos deputados de que o conteúdo da fita possa ter contribuído para a mega rebelião nos presídios ou para os ataques a São Paulo.

Sérgio Wesley argumenta que uma transferência do porte da anunciada pela Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, de mais de 700 presos, não seria feita em dois dias. 'Já estava sendo preparada há muito tempo'. Além disso, afirma, o conteúdo era reservado ao público, mas como advogado de Leandro Carvalho, ouvido na CPI, teria direito constitucional de ter acesso a ele.

- Acharam um bode expiatório para desviar a atenção do caos que estava São Paulo-diz.

Sérgio Wesley afirmou que todos os presídios que visita têm detectores de metais e que, por isso, seria impossível que advogados entrassem com celulares.

- O celular é vendido dentro dos presídios. Tem até shopping patrocinado pelos funcionários da casa-acusa.

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A CPI que investiga o tráfico de armas volta a se reunir nesta quarta-feira. O presidente da comissão, Moroni Torgan, vai pedir a prorrogação do prazo de funcionamento por mais 11 dias. Há ainda pedidos para que sejam convidados a depor o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o diretor geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.

Na sua opinião, as CPIs têm feito um bom trabalho para o país?

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