Dilma, em projeto social na favela Heliópolis: promessas de ampliar o saneamento básico para a população carente| Foto: Roberto Stuckert Filho/Ag. Câmara
José Serra toma café em Jundiaí: como Dilma, promessas de ampliar a rede de esgoto para a população pobre
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Os dois principais candidatos à Presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), protagonizaram ontem uma disputa em torno de quem tem as melhores propostas para a população carente e para ampliar o Bolsa Família, programa de transferência de renda considerado um dos maiores sucessos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Serra voltou a prometer que vai dobrar o número de atendidos pelo Bolsa Família, como havia feito anteontem. "Temos de incluir mais 15 milhões de famílias que estão abaixo da linha da pobreza, além de aumentar o valor [do Bolsa Família]. Basta um bom sistema de cadastramento e de distribuição", disse ele em entrevista após caminhada no centro de Jundiaí (SP). Atualmente, 12,6 milhões de famílias são atendidas pelo programa.

Dentro do PSDB, a análise é de que o teto do benefício a ser pago poderia alcançar R$ 255. Hoje, o governo federal paga entre R$ 22,00 e R$ 200,00 a cada família cadastrada no programa.

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Já a petista Dilma Rousseff, em discurso no centro comunitário da favela Heliópolis, em São Paulo, disse que não é possível acreditar na promessa de Serra. "Em época de eleição, alguns, principalmente nossos adversários, dizem: ‘Tenho um compromisso, vou dobrar o Bolsa Família’. Mas como, se aqui em São Paulo [estado que foi administrado até março por Serra] o que aconteceu foi uma redução dos gastos sociais? Como vamos acreditar?", disse Dilma. "Eu me pergunto: com que autoridade alguém que acabou de sair do Bolsa Família vai dobrar o Bolsa Família, se não deram o Bolsa Família?" Ela ainda afirmou que só se pode acreditar em promessas quando se sabe que a pessoa "realizou alguma coisa".

Dilma também acusou "os outros governos" de não terem o menor compromisso com a população carente. E culpou as gestões de outros partidos pelos alagamentos e enchentes que ocorreram no país Dilma citou os alagamentos e enchentes no Nordeste, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo para dizer que a população mais carente sempre é a mais atingida devido ao descaso histórico de outros governantes.

"Somente acontece com governos que não tem o menor compromisso com o povo, governos que se afastaram dessas comunidades e deixaram elas marginalizadas", disse.

Ela afirmou ainda que em 2002, último ano da gestão federal do tucano Fernando Henrique Cardoso, apenas R$ 274 milhões foram aplicados em saneamento básico. "Não é de se surpreender que bairros populares e favelas estivessem sem o mínimo do mínimo, que é o saneamento. Quem investiu R$ 274 milhões em saneamento não tem o menor compromisso com a saúde da população. Em um bairro de São Paulo nós fizemos mais investimentos do que se fazia em um ano inteiro em todo o Brasil", disse ela.

Serra, como Dilma de olho na população carente, defendeu a ampliação do sistema de saneamento básico. Propôs a retirada de impostos como PIS e Cofins dessa área, que teria o efeito de desonerar o setor e aumentar os investimentos em redes de esgoto.

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Plano polêmico

Serra também partiu para o ataque contra Dilma. E criticou a petista por ter assinado sem ler as propostas de governo do PT entregues à Justiça Eleitoral. "Eu achei incrível realmente porque você não assina um programa assim, sem dar uma olhada naquilo que tem", disse o tucano. O primeiro programa de gestão apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por Dilma previa pontos polêmicos como controle social da mídia e a taxação de grandes fortunas. Foi mudado horas depois.

"As questões polêmicas [do plano de governo de Dilma, posteriormente retiradas da segunda versão enviada à Justiça Eleitoral] são autenticamente ideias do PT, inclusive aprovadas no congresso do partido. A própria Dilma as assinou quando era ministra", disse Serra.

Dilma, de fato, deu aval por escrito, página a página, ao programa que continha trechos polêmicos. Ela alegou, porém, que rubricou o documento sem ler. "Acho que é fazer muito barulho por nada [a polêmica em torno do plano]", afirmou Dilma. "O que ocorreu pode acontecer com qualquer pessoa e com qualquer partido. Não somos perfeitos, nós erramos. Não me consta que o partido adversário não erre. Até porque, em matéria de erros, acho que eles cometeram muito mais até agora", ironizou Dilma.

A candidata do PT afirmou ainda ter muitas discordâncias em relação ao conteúdo do programa entregue de maneira errônea ao TSE. "A campanha é de uma coligação, nós não concordamos com vários pontos" explicou, salientando mais uma vez que sua equipe de campanha elaborou um outro programa. "Quando estava embarcando para viajar, pediram-me rubricas, e eu rubriquei todos os documentos. Imediatamente, percebemos o erro. Tanto é assim que, antes de esgotar o prazo legal, comunicamos ao TSE sobre a falha e mudamos."

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