Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é alvo de uma disputa entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) na busca pelo apoio dos prefeitos .
As duas campanhas tentam arregimentar o maior número dos 853 chefes de municípios do Estado a fim de conquistar o eleitorado mineiro, formado por 14.370.541 votantes, ou 10,72 por cento do total do país.
O esforço não é à toa. Reza lenda política que ganha a eleição presidencial quem vence no Estado.
"O desafio de Serra é que a prioridade do PSDB de Minas é o governo do Estado, e não eleger o Serra", destacou Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Para ele, a situação no Estado é mais favorável a Dilma. Primeiro, porque o PT tem obtido um melhor desempenho nas eleições no Estado. Além disso, acrescentou, PT e PMDB --sigla do vice de Dilma, o deputado Michel Temer-- dirigem um maior número de cidades importantes no Estado do que o PSDB.
Na disputa estadual estão coligados, tendo o senador e ex-ministro Helio Costa (PMDB) como cabeça de chapa e o ex-ministro Patrus Ananias (PT) como vice.
O professor disse ainda que Serra depende do engajamento em sua campanha do ex-governador Aécio Neves e do atual governador e candidato à reeleição, Antonio Anastasia, ambos do PSDB. Como Aécio foi preterido para a corrida presidencial pelo partido, que preferiu ter Serra na disputa, ele poderia não se empenhar plenamente para eleger o correligionário.
"Serra tem que colar a sua imagem na do Aécio. Se disputar com o governo federal em Minas, ele perde."
Por outro lado, o professor alertou para o risco de a ex-ministra da Casa Civil incorrer em "hipocrisia" se exagerar no esforço de tentar comprovar sua ligação com o Estado. Ela nasceu em Minas, mas depois mudou-se para o Rio Grande do Sul.
"A Dilma já explorou muito a sua alma mineira, e o povo já incorporou isso", comentou o presidente do PT de Minas Gerais, deputado Reginaldo Lopes, referindo-se ao esforço da ex-ministra em ressaltar sua origem durante a pré-campanha eleitoral.
MOBILIZAÇÃO
O atual prefeito da capital mineira, Márcio Lacerda (PSB), e Walfrido Mares Guia (PTB), ex-vice-governador do tucano Eduardo Azeredo e ex-ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva, estão à frente da articulação política da campanha de Dilma com os prefeitos do Estado. Na quarta-feira, eles se reuniram com 35 prefeitos de sete partidos e começaram a discutir a indicação de coordenadores regionais.
"Vamos criar um comitê suprapartidário, queremos dar maioria de votos à ministra no Estado", disse o prefeito de Belo Horizonte.
A campanha de Serra faz movimento semelhante, e espera que a maioria dos 600 prefeitos que apoiam o governador Anastasia também acabe aderindo à candidatura de Serra.
"Vamos criar coordenadorias regionais, de maneira que a campanha tenha capilaridade no interior e não falte material", contou o secretário-geral do PSDB e coordenador da campanha de Serra no Estado, deputado Rodrigo de Castro.
Os tucanos também preparam as próximas visitas de Serra a Minas, as quais devem contemplar as cidades de Divinópolis, Poços de Caldas, Três Corações, além da região metropolitana de Belo Horizonte.
"Estamos também colocando uma agenda em que ele rode as principais cidades de Minas... estamos fazendo um calendário para ele vir uma vez por semana."
A agenda de Dilma no Estado ainda não está definida. Mas, segundo o deputado Reginaldo Lopes, a candidata irá a todas as regiões de Minas. Ela e Serra estão empatados na liderança das pesquisas de intenção de votos.
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