Em palestra na Universidade de Harvard (EUA), o senador José Serra (PSDB-SP) disse que “impeachment não é programa de governo de ninguém” e defendeu que a oposição precisa ter responsabilidade. “Impeachment é quando se constata uma irregularidade que, do ponto de vista legal, pode dar razão a interromper um mandato. E eu acho que essa questão ainda não está posta”, disse o senador neste sábado (18).
FHC, Cunha e Alves saem em defesa do mandato de Dilma
Na contramão do PSDB, ex-presidente diz que movimento por impeachment é precipitado. Opinião é seguida pela cúpula do PMDB
Leia a matéria completaA fala de Serra contraria o presidente do PSDB, Aécio Neves, que disse na última quinta (16) que a sigla pedirá o impedimento da presidente Dilma Rousseff caso se comprove a participação dela nas chamadas “pedaladas fiscais” -manobras feitas pelo Tesouro com dinheiro de bancos públicos para reduzir artificialmente o deficit do governo em 2013 e 2014.
Segundo Serra, o clima para o impeachment se deve ao desejo de “três quartos da população” que estão insatisfeitos. “É óbvio que a crise é toda responsabilidade do governo. Não é a ação da oposição, nem do Ministério Público, nem do Congresso”, afirmou. O tucano defendeu que a oposição tem que se mobilizar em fazer denúncias, críticas e propostas. “Não dá para fazer de conta que o Brasil está sem problemas de médio e longo prazo.”
As afirmações se alinham com as do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que no fim de semana afirmou que o pedido de impeachment depende de fatos objetivos e que seria “precipitação” abrir um processo neste momento.
Temer compartilha opinião
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse nesta segunda-feira, 20, em Lisboa que é “impensável” discutir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Eu acho impensável, porque nós temos que ter tranquilidade institucional no nosso País”, disse o peemedebista. “Não podemos abalar as nossas instituições democráticas falando desse assunto. Volto a dizer: é matéria impensável.”
Temer fez as declarações após encerrar o Seminário Empresarial Brasil-Portugal, em que participaram empresários dos dois países.
O vice-presidente disse ainda que suas relações com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são “as melhores possíveis” e que o correligionário fez uma declaração “extremamente útil” quando disse não cabe a hipótese de impedimento da presidenta da República.
No domingo, ao participar de evento empresarial em Comandatuba, Cunha afirmou que não aceitaria pedido de abertura de processo de impeachment com base em fatos ocorridos no mandato anterior de Dilma. “Isto (aceitar o pedido de impeachment) é uma tarefa, digamos assim, do PMDB”, afirmou Temer. “O PMDB está nessa posição e o Eduardo Cunha está retratando precisamente esta posição.”