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O ministro das Relações Exteriores, José Serra, deu mais visibilidade à pasta desde que assumiu, e seus aliados dentro e fora do PSDB enxergam nisso uma estratégia de criar uma marca de atuação. Alguns mais otimistas já creditam a isso sua boa performance na última pesquisa Datafolha, onde apareceu mais bem colocado que o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, num eventual segundo turno contra o ex-presidente Lula na eleição presidencial de 2018.

Aliados dizem que o tucano ainda sonha com 2018, mas sabe que terá que disputar espaços com Aécio e o governador Geraldo Alckmin no PSDB. Se o presidente interino, Michel Temer, for confirmado no cargo, o partido dele, o PMDB, será chave da eleição de 2018. Para um aliado, os partidos que apoiam Temer terão de convergir para um único candidato.

Alguns tucanos dizem que Serra está interessado apenas em impor novo ritmo ao Itamaraty, e que 2018 está muito longe.

Tucanos mais ligados a Serra dizem que ele ainda mantém influência dentro do partido, especialmente no diretório de São Paulo, principalmente após Alckmin ter aberto uma fissura por causa do lançamento de João Doria à prefeitura da capital.

Conversas com parlamentares

Desde que assumiu a pasta, há dois meses, o ministro José Serra tem recebido empresários, magistrados, parlamentares e até governadores. Só na última semana, conversou com José Ivo Sartori, governador do Rio Grande do Sul, em seu gabinete e veio ao Rio encontrar o governador Francisco Dornelles e o prefeito Eduardo Paes.

A aproximação de Serra com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aumentou em 2015. Desde então, Serra emplacou vários projetos de sua autoria. A tática deu resultado, também, nas discussões sobre a agenda positiva do governo Temer.

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“Serra adotou, sem dúvida, um pique forte no ministério. E ele quer resultados”, comentou um senador tucano.

Na área diplomática, Serra é visto como um ministro forte e de peso no Palácio do Planalto. Na gestão da presidente afastada, Dilma Rousseff, não havia esse espaço e, por isso, o Itamaraty ficou esvaziado e sem prestígio.

“Com Serra, estamos com as contas em dia. Sabemos que ele não teria aceitado o convite se sua pasta não ganhasse a projeção devida”, afirmou uma fonte do Itamaraty.

Apesar de não ter ficado no comando da Fazenda ou do Planejamento, Serra tem espaço nas discussões econômicas. Suas propostas têm sido analisadas dentro da Agenda Positiva, coordenada pelo Ministério do Planejamento.

O chanceler vende a pauta de interesse do Ministério de Relações Exteriores no Congresso. Na lista, estão acordos internacionais e projetos que ele conseguiu aprovar no Senado e agora estão em discussão na Câmara. Por outro lado, uma romaria de políticos e entidades empresariais ocorre ao seu gabinete quase diariamente.

Logo no dia seguinte à sua eleição para a presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi ao gabinete de Serra — após passar no de Aécio Neves, no Senado — para agradecer o apoio. Sem alarde, Serra atuou em favor de Maia, através de seu principal aliado na Câmara, o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), telefonando para alguns deputados.

Serra mantém contato frequente com senadores. O maior aliado é José Aníbal (PSDB-SP), seu suplente e que já foi líder do PSDB na Câmara. No PSDB, Aníbal, Serra e Alberto Goldman, vice-presidente do partido, fizeram oposição à escolha de João Doria como candidato à prefeitura de São Paulo e são o principal foco de resistência a Geraldo Alckmin, que ainda é o principal rival de Aécio na disputa pela candidatura tucana de 2018.

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