José Serra (PSDB) criticou nesta sexta-feira a condução de reformas estruturais feitas pelos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu "bancar" a reforma política se eleito.
"O Lula não aceitou minha proposta de reforma política e nem o Fernando Henrique tentou fazer. Você sabe que o Lula e o Fernando Henrique são mais parecidos do que parecem? Eu conheço bem os dois e posso garantir", disse o candidato tucano à Presidência da República em entrevista à Radio Jornal, no Recife.
"Eu vou bancar a reforma política neste país, vou peitar e bancar", prometeu.
Serra,em entrevista a outra emissora, declarou que tentaria implementar o voto distrital já para as próximas eleições municipais.
"Em 2012 quero ter eleição municipal distrital. Eu levei para o Lula uma proposta de eleição para vereador distrital", assegurou à Rádio Folha, complementando posteriormente a jornalistas que essa seria uma prioridade nos seus primeiros dias de governo e ele próprio conduziria as negociações sobre o tema com o Congresso.
Para o candidato, o voto distrital reduziria os custos das campanhas políticas. "Vamos atacar o grande fator de corrupção no Brasil, que é o custo de campanha. Eu vou fazer a reforma política."
Sobre Fernando Henrique, Serra disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso achava importante fazer a reforma política. "Só que aí começa o seguinte: tal setor não gosta. Aí o presidente pensa: 'se eu forçar, vou perder a oportunidade de aprovar projetos que eu quero aprovar, que eu preciso aprovar'", disse.
Segundo Serra, assim como Fernando Henrique, Lula teria concordado "com aquele olhar disperso" quando a proposta de reforma política lhe foi apresentada.
"Eu tenho outra característica. Tendo a dizer meu posicionamento. A maioria dos políticos bons nunca quer decepcionar seu interlocutor."
Ataques a Dilma; Lula fora
O tucano aproveitou a tensão em torno da discussão sobre os royalties do pré-sal para criticar sua principal adversária, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT).
"Esse negócio de pré-sal é coisa para dez anos. Eu estava na reunião sobre a divisão e me posicionei contra esse debate em ano eleitoral. O Lula concordou", disse. "Quem errou foi a Dilma e o Lobão (Edson Lobão, então ministro de Minas e Energia), que forçaram o envio para o Congresso."
Mais cedo, o tucano disse que o vencedor da eleição em outubro terá a responsabilidade individual de comandar o país e, numa alfinetada a Dilma, enfatizou que não é possível terceirizar o governo.
"O Lula está fora das eleições, não disputará cargo nenhum", disse Serra em entrevista à Rádio Olinda, rechaçando mais uma vez que o presidente seja o seu adversário nesta eleição. "E é importante lembrar que não é possível terceirizar a administração do Brasil", disse.
"A responsabilidade é de quem assumir, é individual. O futuro depende de quem a população escolher. E o escolhido vai governar sozinho", acrescentou, numa alusão à estratégia da candidata petista de atrelar sua campanha à popularidade de Lula.
O tucano também demonstrou sintonia com o discurso do seu candidato ao governo de Pernambuco, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Serra afirmou que quer ser o novo "amigo" de Pernambuco, discurso amplamente propagado por Jarbas em todos os seus eventos de campanha.
"O que eu quero é ser o novo amigo de Pernambuco. O Lula é pernambucano, fez carreira em São Paulo. Eu quero ser o presidente de São Paulo que é amigo de Pernambuco e do Nordeste, porque eu amo Pernambuco e amo o Nordeste."
As pesquisas de intenção de voto mostram uma folgada vantagem de Dilma sobre Serra nos Estados do Nordeste.
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