Virtual candidato do PSDB à presidência da República, o governador de São Paulo, José Serra, passou a buscar simpatia e adesão das bases municipais do Estado. Nos últimos 35 dias, Serra reuniu duas vezes na capital pelo menos uma centena de prefeitos do interior do Estado para anunciar repasses de verbas em ações estratégicas de seu governo - a recuperação de estradas vicinais, projeto de R$ 3,9 bilhões, e a reforma de unidades de saúde, que custará R$ 13,4 milhões. Os dois programas fazem parte do "PAC Paulista", plano de estímulo para combater os efeitos da crise econômica global.
Apesar de os convidados do evento dessa quarta-feira serem secretários municipais de saúde, 110 prefeitos fizeram questão de comparecer. Em 15 de janeiro, o governador reuniu 500 prefeitos no Palácio dos Bandeirantes. Em comum, os dois encontros tiveram atípicos longos discursos de Serra - o de janeiro, chegou a 50 minutos -, críticas ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva e aplausos efusivos da plateia à fala do governador. No evento do início do ano, um homem chegou a levantar e gritar "Serra presidente", ao que se seguiu uma salva de palmas. Questionado sobre a aclamação, na ocasião Serra disse que sua candidatura em 2010 era uma "hipótese".
O governador, no entanto, tem se esquivado de responder sobre política nessas ocasiões e negado qualquer cunho eleitoral nos repasses. Em janeiro, afirmou: "Se eu fosse largar a vida pública em 2010, me candidatar à reeleição ou a presidente, estaria fazendo exatamente o que estou fazendo". Hoje, abortou a entrevista coletiva, irritado, já na segunda pergunta, sobre a construção improvisada de salas de aula em escolas estaduais. Questionado sobre as discussões a respeito de prévias para escolher o candidato do PSDB a 2010 quando já dava as costas para os repórteres, murmurou: "Não há discussão".
Com os prefeitos e secretários municipais, no entanto, Serra não poupa gentileza. Após a saída dos repórteres, o governador caminhou entre a multidão de secretários e prefeitos que deixavam o auditório. Cercado por quatro seguranças, o governador sorriu, acenou, cumprimentou e tirou foto com todos que pediram.
Ministro da Saúde
No discurso desta quarta-feira, de 32 minutos, Serra fez questão de lembrar sua experiência como ministro da Saúde. "Quando estávamos no ministério, fizemos aprovar uma emenda vinculando uma aplicação mínima de recursos na saúde, mas ela não foi regulamentada até hoje", alfinetou. "E não será, pelo menos na atual gestão federal." Partiu do secretário adjunto de Saúde do Estado, Renilson Rehem de Souza, que trabalhou com Serra no ministério, o mais rasgado elogio ao tucano: "O governador José Serra foi o melhor ministro da Saúde que o Brasil já teve", disse, arrancando aplausos da plateia de mais de mil pessoas.
Serra criticou o governo federal ao citar que 70% dos investimentos no Brasil são feitos pelos Estados e municípios. "Com toda essa propaganda (do Poder Federal), pode se pensar o contrário", retrucou. "A propaganda não diz que o governo federal faz. Fica implícito", reclamando ainda dos prefeitos petistas que não dão crédito ao Estado em projetos feitos em parceria. "Governamos para todos, sem olhar a coloração partidária, exatamente ao contrário do que o PT faria.
Verba
Os R$ 13,4 milhões anunciados hoje por Serra serão divididos entre 523 cidades paulistas com menos de 50 mil habitantes. Os municípios receberão entre R$ 15 mil e R$ 50 mil, de acordo com seu porte. Os prefeitos terão de prestar conta a Serra pelo uso do dinheiro e não podem aplicá-lo no pagamento de funcionários ou no custeio do atendimento. A região de São José do Rio Preto é a que receberá mais recursos, um total de R$ 1,83 milhão.
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