O serralheiro Flávio Biassi, de 21 anos, de Joaçaba (SC), que acusa o patrão de ter roubado seu bilhete premiado do concurso 898 da Mega-Sena, sorteado no dia 1º, está com medo e anda com escolta policial.
Biassi diz que deu R$ 1,50 e os seis números para que o chefe fizesse a aposta por ele. Informalmente, teriam combinado de repartir o dinheiro em caso de acerto das dezenas. O prêmio estava acumulado em R$ 55,5 milhões e saiu para duas apostas, uma de Rondônia e a outra de Santa Catarina.
Os moradores da cidade catarinense defendem que o serralheiro tem razão, que o patrão tem de pesar na consciência e dividir o prêmio. A família do acusado nega o roubo do bilhete.
A confusão começou na semana passada, assim que saiu o resultado da Mega-Sena. No sábado, dia 1, depois do expediente, Flávio disse que pegou carona com o patrão. No meio do caminho eles resolveram parar em uma lotérica para jogar na Mega-Sena acumulada, mas não conseguiram estacionar porque não encontraram vaga. Dali em diante a história tem mais de uma versão.
Flávio, que por alguns instantes achou que estava milionário, está escondido, mas decidiu contar sua história ao "Fantástico". "Chegamos em casa, daí eu peguei os números e o dinheiro, anotei para ele e dei no papel."
Uma testemunha, que não quer se identificar, confirma. "Eu vi ele entregar o papel com os números e o dinheiro, R$ 1,50, que ele deu para o patrão dele". No portão da casa de Flávio, o empregado e o patrão teriam feito uma promessa que muita gente faz, muitas vezes da boca para fora: se ganhassem a Mega-Sena, eles dividiriam o prêmio.
Uma outra testemunha estava com os dois no carro. "O que eu ouvi foi que eles comentaram que iam jogar, que se por acaso um deles ganhasse o prêmio seria rachado entre os dois". Flávio explica que os números que escreveu no pedaço de papel foram baseados nos números do celular de sua mãe. Três números realmente coincidem com os números do bilhete premiado: 03, 04 E 54. "E o 08, 30, 45 foi inversäo, foi invertido", diz.
O patrão de Flávio está sumido. O irmão dele explica como foi a escolha dos números. "O mote dele, que o conduziu a jogar este números, foi a data de nascimento do filho dele e a data de nascimento dele, só com a inversão do 54 para o 45."
No dia em que saiu o resultado do prêmio, o patrão do serralheiro retirou na Caixa Econômica Federal uma pequena parte dos R$ 27.782.000,00. Em seguida, ele teria passado em uma concessionária e comprado à vista um carro de mais de R$ 50 mil. Em um posto de gasolina, ele pagou uma antiga dívida de R$ 10.100,00 em dinheiro vivo.
O novo milionário tem passagens na polícia por estelionato e lesões corporais. Há também processos na área cível, entre eles, falta de pagamento da pensão dos dois filhos.
Achando ter se tornado mais uma vítima dos golpes do patrão, Flávio entrou na Justiça e conseguiu uma liminar que bloqueou o prêmio. De agora em diante ninguém mais bota a mão no dinheiro. Mas se um dia a Justiça decidir que Flávio tem direito à bolada, ele já sabe o que fazer. "Daria metade para ele (patrão). Um cara honesto não tem por que não dar. É a palavra de um homem", diz.
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