Parlamentares se dividem nas defesas dos governos Dilma e Temer durante a sessão conjunta que está acontecendo desde o final da manhã desta terça-feira (24). É a primeira sessão realizada entre deputados federais e senadores desde o afastamento de Dilma Rousseff e foi convocada para votar a revisão da meta fiscal presente no orçamento de 2016, de prioridade máxima para o interino Michel Temer.
Desde o início da sessão, a oposição a Temer vem no embalo do caso envolvendo o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O assunto já foi abordado no primeiro discurso da sessão, da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). “Nós nem precisamos mais explicar o golpe. O Jucá já fez isso”, ironizou ela.
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Já prevendo o tema no plenário e na tentativa de reduzir os danos à votação da meta, Jucá respondeu na sequência, também na tribuna. Jucá alegou que “hoje a questão é técnica” e informou que faria “o confronto político somente amanhã [quarta-feira]”, no Senado, onde, segundo ele, seria o “foro adequado”.
Os apelos do senador, contudo, não foram considerados pela oposição. “Espero que hoje, no debate aqui, algumas explicações sejam dadas”, discursou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao classificar o episódio de Jucá de “gravíssimo”.
Provocações
As declarações do próprio presidente Michel Temer na manhã desta terça-feira (24) também já respingaram no plenário. “Eu e Temer finalmente concordamos em uma coisa. Há anos presidente do PMDB, Temer está mesmo acostumado a lidar com bandidos”, ironizou o deputado federal Sílvio Costa (PTdoB-PE). Ex-ministro do governo Dilma, o peemedebista e deputado federal Celso Pansera (RJ) reclamou: “É preciso ter cuidado com as palavras”.
Costa se referia à declaração de Temer na qual o presidente interino rebatia críticas. “Tenho ouvido: Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar. Conversa! Fui secretário de Segurança duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos”, afirmou Temer. “Então eu sei o que fazer no governo”, completou ele.
Sem parecer
A proposta de revisão da meta fiscal chega ao plenário do Congresso Nacional sem parecer da Comissão Mista de Orçamento (CMO), o que também gera críticas da “nova” oposição. Aliados de Temer não conseguiram garantir quórum nas duas reuniões da CMO, realizadas entre segunda-feira (23) e terça-feira (24), e o colegiado ficou sem apreciar a matéria, que seguiu direto para o plenário.
A ausência do parecer serve de argumento para a oposição tentar adiar a votação da revisão da meta fiscal. Aliados de Temer, contudo, alegam que a oposição tenta atrapalhar o governo Temer, na linha do “quanto pior, melhor”.
“Quem passou exatamente dois anos atrapalhando o País, com pauta-bomba, foi essa base provisória aqui. Agora, estão querendo vender esse discurso de herança maldita e nós não vamos aceitar”, disparou o deputado federal Sílvio Costa (PTdoB-PE).
Tamanho do rombo
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) também questionou o fato de o governo Temer ter ampliado o rombo – a proposta de déficit de R$ 94 bilhões passou para R$ 170 bilhões. Segundo ela, o presidente interino não explicou “o motivo de o rombo ter dobrado”.
“Não tivemos nem audiência pública com os ministros para eles explicarem os R$ 170 bilhões. Qual é a moral do Congresso Nacional em votar isso depois de ter afastado a presidente Dilma por questões fiscais?”, criticou ela.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) saiu em defesa da proposta do governo Temer. “Eu entendo o desespero do PT. Porque a sociedade vai tomar conhecimento do desfalque. Hoje é o Brasil real, sem maquiagem, sem cortina de fumaça, com clareza, com transparência”, disse ele, que tem chamado Dilma Rousseff de “ex-presidente”.
Gleisi também ironizou a pressa do governo Temer na votação. “Desde março, a proposta de revisão da meta [enviada pelo governo Dilma] está na CMO. E por que não votaram, não nomearam os membros da CMO e nada foi feito? Porque queriam deixar a situação mais drástica para afastar a presidente Dilma”, afirmou ela.
No comando da sessão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem feitos constantes apelos para que a reunião siga sem grandes tumultos. “Não se trata aqui nem de interesse de Dilma nem de Michel. Trata do interesse do Brasil”, disse ele.
Antes de entrar na votação da revisão da meta fiscal, os parlamentares devem concluir a análise de mais de 20 vetos assinados por Dilma Rousseff e que trancam a pauta.
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