Kátia Abreu vê com descrédito os incentivos econômicos que o novo Código trará para facilitar o processo de regularização. "Isso é coisa para Suíça", ironiza ela, que representa os ruralistas nos debates no Congresso.
Quais são os principais pontos do código que ainda geram problema?
Atualmente, o único ponto de discórdia é a produção nas margens de rios. Ou seja, a consolidação de áreas produtivas em margens de rios. Não estou falando de agricultura extensiva, de plantação de soja. Essa agricultura não vai morrer por causa de cinco metros ou dez metros. Agora, um pequeno produtor pode morrer.
A solução para o impasse seria tirar a proteção das matas ciliares?
A mata ciliar é de uma importância vital, mas ela não pode virar um santuário. Eu faço um comparativo com a APP de morro, no Rio de Janeiro. É bom morar no morro? É péssimo. É irreversível? É, não vão tirar a Rocinha de lá. Nessa hora, para nós, é igual. Nós também temos a consciência de que a mata ciliar é importante, mas não dá para tirar essas pessoas que estão lá há centenas ou dezenas de anos.
Qual a sua expectativa em relação ao parecer do relator sobre o novo código?
Estou ansiosa para ler o texto do relator. Não quero radicalizar, mas vou tentar convencer a todos do óbvio: o Brasil não é uma maquete eletrônica, que você pode tirar pessoas automaticamente.
E quanto aos produtores que tiverem de replantar a mata ciliar que desmataram?
Eu vou fazer um convite para você: vamos fazer um viveiro de plantas nativas em cada estado do país porque não tem. Vai valer mais do que cocaína.
Como a senhora avalia a atuação do senador Jorge Viana na relatoria?
O Jorge Viana é bacana, tem sido muito educado, mas precisa parar de ter medo do óbvio: ele tem medo de dizer que vai poder consolidar as áreas produtivas e ficar marcado para sempre. Por que pegar essa relatoria se não dá conta de fazer o óbvio? Essas matérias complexas só deveriam ser conduzidas por quem tem coragem de fazer.
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