O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau , entregou na noite desta terça-feira (22/5) sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA). O ministro é acusado pela Operação Navalha da Polícia Federal de receber propina no valor de R$ 100 mil da empreiteira Gautama. O presidente aceitou o pedido de demissão.
- Foi a melhor solução - disse a senadora.
Conforme antecipara na segunda-feira o blog do colunista Ilimar Franco, o ministro decidiu se afastar para não comprometer o governo federal no escândalo. Aliados políticos de Rondeau queriam que ele saísse da linha de tiro. Nesta terça, o ministro se reuniu durante cerca de 40 minutos com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, e deu explicações sobre o envolvimento de seu nome no escândalo. A conversa teve que ser interrompida para que Lula fosse cumprir outros compromissos de sua agenda.
Chegou-se a pensar que o presidente estaria esperando pelo fim do depoimento no Superior Tribunal de Justiça de Ivo de Almeida Costa, assessor especial do Ministério das Minas e Energia, preso pela PF na semana passada. Foi ele quem recebeu da diretora financeira da Gautama o envelope com os R$ 100 mil que seriam destinados ao ministro. A empresa, de Zuleido Veras, seria a beneficiária do esquema de corrupção.
Durante a reunião os ministros da Justiça, Tarso Genro, da Justiça, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, teriam defendido a idéia de que Rondeau deveria se licenciar do cargo para se defender da acusação, evitando assim sua saída em definitivo do governo. Mas em seguida, o ministro teve uma curta conversa com o senador José Sarney (PMDB-AP), seu padrinho político, e decidiu pedir demissão:
- Preparem tudo. Vou pedir demissão - avisou Rondeau aos assessores, por telefone.
Já no site Ancelmo.com, o colunista Jorge Bastos Moreno diz que a demissão do ministro mexerá com mais cargos do PMDB no governo . Ele mostra também quem ganha e quem perde no partido caso Rondeau deixe o cargo.
Mais cedo, após ouvir um relato do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a operação da PF, Lula disse que as investigações precisam ir a fundo "doa a quem doer". A avaliação foi feita durante reunião de coordenação, que durou cerca de duas horas.
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), também defendeu nesta terça o afastamento do ministro.
- O ministro Silas tem prestado um bom serviço ao governo do ponto de vista técnico. Mas se há uma acusação, ela tem de ser apurada. Ninguém está acima da lei e deve prevalecer o interesse público. Se houver de fato indícios consistentes, o ideal é que ele se afaste até que possa ser apurado seu envolvimento - disse Berzoini à rádio Jovem Pan na manhã desta terça.
Ministro: prejulgamento é horrível
Na segunda-feira, Silas deu explicações a Lula, negando a propina, e afirmou que nada será provado contra ele.
- Não vão conseguir provar nada, porque eu nunca recebi - disse Silas, na conversa com o presidente.
Para jornalistas, ainda no Paraguai, onde acompanhou a comitiva de Lula, Rondeau disse que as denúncias contra ele causam indignação, e que o prejulgamento é "horrível". O ministro disse que tem uma biografia a zelar, que esta "acima de cargo, acima de tudo" e que cabia à Justiça investigar o seu suposto envolvimento no caso.