Atualizado em 11/05/2006 às 19h15
Um dia depois de prestar um depoimento contraditório na CPI dos Bingos, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira depôs por mais de quatro horas à Polícia Federal, onde chegou às 8h30. Silvinho conseguiu despistar a imprensa, que o aguardava na Procuradoria da República, comparecendo antes à PF.
O advogado Iberê Bandeira de Melo, responsável pela defesa do ex-dirigente do PT, disse que seu cliente não foi indiciado pela Polícia Federal no depoimento desta quinta-feira. Segundo ele, Silvinho foi ouvido como testemunha sobre as nomeações nos Correios e não atribuiu a outros partidos a indicação de dirigentes da estatal.
- Não tem atribuição nenhuma. Não houve discussão partidária. Vocês estão cansados de saber: ele era encarregado da indicação dos nomes, mas não tinha participação na indicação dos cargos. Ele era um tarefeiro do PT, fazia a triagem de nomes, mas não tinha influência, e procurava não ter, e também não tinha nada a ver com a arrecadação - afirmou o advogado.
Segundo Bandeira de Melo, Silvinho participou da formação do governo em dois momentos. No primeiro, organizou as indicações feitas por petistas. Já no segundo, para composição da base aliada do governo, recebeu as indicações dos partidos coligados.
- Ele apurava, recebia os currículos e mandava para o governo, mas para você ter uma idéia, só na primeira triagem havia cerca de sete mil nomes dentro do PT. Ele era o operador dentro do PT - afirmou Bandeira, ressalvando que a decisão de nomeação ou não dos indicados era dos próprios ministros da área e dos diretores das estatais.
Segundo Iberê, Silvinho não respondeu a perguntas sobre de quem era a responsabilidade pelos empréstimos tomados pelo PT nem sobre as irregularidades nos Correios.
- Ele não falou nada sobre fraudes porque não sabe. Ele não admitia nem demitia. Ele era dirigente do PT, mas não dirigente do país. Não houve questionamento sobre isso - afirmou o advogado, acrescentando que também não houve questionamento sobre o empresário Marcos Valério.
Na saída, embora apresentasse tranqüilidade, o ex-dirigente do PT disse que não daria entrevista porque estava cansado.
- Não vou dar nenhuma declaração, estou muito cansado, preciso descansar - disse Silvinho, que depõe na Procuradoria às 14h30m.
O Ministério Público do Distrito Federal vai ouvir ainda nesta quinta-feira o ex-dirigente petista sobre licitações e contratos dos Correios envolvendo a SMP&B, agência de Marcos Valério; a Novadata, do empresário Mauro Dutra, amigo do presidente Lula; o Consórcio Alpha, formado pela Novadata e pela Positivo Informática, e a HHP, entre outras empresas.
Em entrevista ao jornal "O Globo", o ex-petista disse que a origem do dinheiro arrecadado por Valério estava nas empresas que se juntavam em consórcios e fraudavam licitações. O papel do governo, neste caso, seria apenas "não perseguir" as empresas, nas palavras de Silvinho.