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Em depoimentos à Justiça Federal de Curitiba, onde responde a três processos da Lava Jato, o doleiro Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre, em Brasília, disse que acabou entrando no esquema por causa de dificuldades financeiras. “Eu na verdade apagava incêndio todos os dias. Eu acordava às 6 horas da manhã e dormia às 21 horas só pensando em como não fechar o meu negócio. Hoje eu estou aqui respondendo esses processos por um problema financeiro, porque eu não quis olhar a realidade e fechar o meu negócio”, disse o doleiro.

Dificuldade financeira

Veja o depoimento de Chater em que ele diz que a preocupação era manter o negócio funcionando.

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De acordo com os investigadores da Lava Jato, a situação de Chater não era assim tão ruim. “Parece que [o Posto da Torre] é um dos maiores postos de Brasília, talvez um dos maiores do Brasil”, disse o procurador do MPF Diogo Castor de Mattos. “Ele tem um padrão de vida substancial. Tinha um lucro de R$ 500 mil por mês”, completa.

A casa de Chater, de acordo com o delegado da PF Marcio Anselmo, fica ao lado da Casa da Dinda, residência do ex-presidente Fernando Collor (também envolvido na Lava Jato) e está avaliada em mais de R$ 20 milhões. “A casa que está sequestrada é absurdamente grande, com quadra de tênis, campo de futebol”, ressalta Mattos.

O Posto da Torre também está bem avaliado, segundo Anselmo. “Só o terreno do posto deve valer uns R$ 50 milhões”, garante o delegado. Anselmo ressalta, ainda, que para conseguir dinheiro em espécie para realizar pagamentos, Chater realizava promoções no estabelecimento. “As vezes eles faziam promoção de combustível, mas só podia pagar em dinheiro”, lembra o delegado, que já morou em Brasília.

Apesar de alegar que a situação financeira do Posto da Torre não era boa, Chater aportava recursos em uma empresa londrinense controlada pelo ex-deputado José Janene – a Dunel Indústria e Comércio. Foi a partir de uma denúncia de um dos sócios da empresa – o empresário Hermes Magnus, que a força-tarefa chegou ao fio da meada que levou ao posto em Brasília.

“Na época, final de 2008, veio o Hermes Magnus e faz um e-mail que relata o embrião da operação. Ele comentava que o Janene estaria lavando dinheiro na empresa dele lá em Londrina, que era a Dunel, e juntou algumas notas fiscais. Essas notas fiscais eram de equipamentos para a própria Dunel, só que os pagamentos eram feitos por terceiras empresas, entre essas estavam o Posto da Torre, que tinha uma nota de uma compra de uma casa de ferramentas”, explica Mattos.

“Por que um posto de Brasília está pagando as contas de uma empresa em Londrina?”, questionou Anselmo. A pergunta levou às investigações e, consequentemente, à deflagração da Operação Lava Jato, em março de 2014.

Chater já foi condenado em dois processos envolvendo a Lava Jato. Na ação penal envolvendo o tráfico de drogas foi condenado a 5 anos de prisão, mas conseguiu reverter a decisão no TRF4. Já no processo envolvendo a lavagem de dinheiro através da empresa Dunel a sentença foi de 4 anos de prisão. A ação penal que trata de suas atividades como doleiro ainda está em andamento na Justiça Federal de Curitiba.

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