A primeira sessão da CPI da Petrobras, realizada nesta quinta-feira (6), aprovou o plano de trabalho apresentado pelo relator e líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), apesar das divergências apontadas pela oposição. Os requerimentos que não obtiveram consenso serão votados no decorrer das próximas sessões da comissão.
As diferenças entre a oposição e a base governista - que tem maioria na CPI - sobre o esquema de trabalho das investigações indicam um sinal do que será o inquérito político quando a comissão entrar em temas mais complexos.
"Ele optou por convidar quem vai defender a causa governista, assim só teremos advogados de defesa", acusou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI.
Ficou acertado que na próxima sessão, terça-feira que vem, será ouvido Otacilio Cartaxo, secretário-interino da Receita Federal.
Segundo a oposição, Jucá quer evitar a convocação de pessoas que possam comprometer a Petrobras em alguma medida. O relator considera desnecessária a convocação da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, que poderia esclarecer operação fiscal realizada pela Petrobras que permitiu à empresa reduzir o pagamento de impostos.
O tema é um dos principais alvos da CPI e fator que teria contribuído para a recente demissão da secretária.
Ele recusa-se a aceitar, neste primeiro momento, a convocação de integrantes da Petrobras vinculados à liberação de recursos da estatal à Fundação José Sarney, ligada ao presidente do Senado, em que há suspeição de desvio.
Também é contrário à transferência à CPI pela Petrobras de documentos relativos a pagamentos feitos pela empresa a produtoras de vídeo e de prestações de contas relativas a verbas de patrocínio.
Jucá defende que a CPI primeiro ouça a direção da Petrobras e integrantes do governo que possam explicar o funcionamento da empresa e dar uma visão geral dos problemas apontados. Com isso, a CPI poderia propor soluções.
Jucá afirmou ainda que é mais inteligente ter a visão do todo, ver a sistemática e onde há falhas. "O objetivo da CPI não é pegar alguém. É identificar padrões equivocados, punir e corrigir esses padrões", disse.
Um dos consensos é chamar o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para depor, além de diretores da empresa. O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, e o diretor da agência, Victor de Souza Martins, também devem ser convocados.