O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta terça-feira (9) que a cúpula que atuava no PT durante o início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu o crime de corrupção ativa. De acordo com a Corte, os ex-presidente do partido José Dirceu e José Genoino atuaram para atingir objetivos como a expansão do PT e a formação da base aliada no Congresso.
A maioria dos ministros do STF rejeitou a tese defendida por advogados de acusados segundo a qual não houve compra de votos, mas caixa dois de campanha eleitoral. Os ministros não aceitaram o argumento de que o dinheiro foi repassado para partidos aliados com o objetivo de cobrir dívidas contraídas nas eleições.
"Não podemos, ante à disputa acirrada, partidária, imaginar partidos altruístas que se socorram mutuamente e se socorram consideradas as cifras muito elevadas, pelo menos para nós mortais", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. "José Genoino era o interlocutor político do grupo. Era o presidente do partido que esteve envolvido nessa tramoia", disse.
Para Marco Aurélio, o ex-tesoureiro Delúbio Soares foi apontado e aparentemente aceitou o papel de bode expiatório. "Tivesse Delúbio Soares de Castro a desenvoltura intelectual e material a ele atribuída, certamente não seria apenas tesoureiro do partido. Quem sabe tivesse chegado a um cargo muito maior."
Segundo a maioria dos ministros, a cúpula atuou para garantir que interesses do partido fossem atingidos. Para eles, José Dirceu não abandonou os assuntos do PT após tomar posse no cargo de ministro da Casa Civil.
"Não é crível a pretensa e absoluta dissociação do ministro desde sua posse de interesses partidários", disse Gilmar Mendes. "O ministro, além de cuidar dos assuntos da pasta, tinha também responsabilidade de coordenação política do governo Lula", acrescentou. "(Ele) Não só sabia do esquema de distribuição de recursos como contribuiu intelectualmente para sua elaboração".