O ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão do depoimento do caseiro Francenildo Santos Costa, conhecido como Nildo, na CPI dos Bingos. Peluso é o relator de um mandado de segurança impetrado pelo senador Tião Viana (PT-AC). Em seu pedido ao Supremo, o petista alegou que há "ameaça clara de invasão de privacidade do ministro".
Tião Viana também pediu que o STF impeça a CPI de investigar denúncias que não tenham relação com o fato que determinou sua criação, mas Peluso afirmou que as outras demandas do petista serão analisadas quando for feita a análise do mérito. Como o depoimento do caseiro já estava em andamento, o ministro analisou apenas esse pedido específico do senador.
Após muita discussão e sob protestos dos governistas, o presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), decidiu que a sessão para ouvir o caseiro seria aberta. Antes de o STF determinar a suspensão do depoimento, Nildo confirmou ter visto Palocci várias vezes na casa alugada por Vladimir Poletto, ex-assessor da prefeitura de Ribeirão Preto, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Ele pagou R$ 60 mil em dinheiro por seis meses de aluguel da mansão, onde supostamente havia partilha de dinheiro.
- Confirmo até morrer - disse o caseiro, respondendo à senadora Heloisa Helena (PSOL-AL).
Ao responder ao relator, Garibaldi Alves (PFL-RN), se tinha visto algum empresário freqüentando a casa, o caseiro provocou uma gargalhada geral quando disse que não vira nenhum dos parlamentares que acompanhavam seu depoimento na casa. Em tom provocativo, Heloisa Helena afirmou:
- Depois do alívio geral, vamos retomar o depoimento.
A decisão do Supremo chegou quando o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) fazia perguntas.
Tião Viana negou que sua atitude demonstre desrespeito à CPI e observou que a comissão parlamentar não pode "estar a serviço da destruição da família". Ele também alegou que o depoimento de Nildo não tem qualquer relação com o fato para o qual a CPI foi criada.
- Foi uma decisão política e pessoal - justificou Tião Viana na reunião da CPI.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), rebateu o petista afirmando que Tião quebrou um compromisso com a CPI ao recorrer ao Supremo.
- É uma postura injusta para cercear os trabalhos da CPI - protestou o tucano.
O próprio Virgílio defendeu que a sessão fosse fechada, lembrando que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) votou a favor da convocação de Nildo depois que Efraim lhe assegurou que a sessão seria secreta. A convocação do caseiro foi aprovada numa votação apertada, com placar de 7 a 6. E só decidida com o voto de Suplicy, que deixou extremamente irritada a bancada do PT.
Quando se discutia se a sessão seria aberta ou secreta, Heloísa Helena perguntou ao caseiro se mantinha as declarações e ele respondeu afirmativamente.
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