João do Suco: líder do prefeito| Foto: Divulgação/CMC

Após 15 anos, Derosso deixa o comando da Câmara de Curitiba

Tucano não resistiu à perda de apoio do PSDB e dos vereadores aliados. Apenas cinco colegas de Casa não haviam assinado pedido de renúncia.

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Análise

Para especialistas, renúncia pode não afetar reeleição do tucano

Rogerio Waldrigues Galindo

Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que, mesmo enfraquecido, João Cláudio Derosso (PSDB) pode ter mantido a base de seus eleitores mais ou menos intacta para as eleições de outubro, quando tentará novo mandato como vereador. Segundo eles, a disputa pelo poder dentro na Câmara pode não ter impacto direto sobre a eleição municipal.

Segundo a cientista política Luciana Veiga, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o principal trunfo de Derosso para conseguir um novo mandato são as obras que levou para os bairros em que atua, como o Xaxim, no Sul de Curitiba. "As pesquisas mostram que a principal função de um parlamentar, na cabeça do eleitor, é levar recursos e obras para a sua região. Se os eleitores estiverem satisfeitos com a atuação dele nesse sentido, é muito provável que ele se reeleja", afirma.

O professor de Ciência Política Fabrício Tomio, também da UFPR, diz que a própria renúncia de Derosso pode ser um movimento inteligente para garantir a sua reeleição. "Desse modo, ele sai do holofote, tira a atenção de cima dele. A renúncia pode ter sido um cálculo dele pensando na preservação de seu poder no futuro", opina o professor.

Sobre o efeito que a renúncia pode ter na Câmara, os especialistas dizem que a mudança deve ser modesta, e ocorrer mais no médio e longo prazo. "É claro que a Câmara não vai mudar da noite para o dia pela simples substituição do presidente. Mas é provável que, daqui para a frente, os integrantes da Mesa Executiva passem a ter um cuidado adicional com as medidas que vão tomar no exercício do cargo", diz Tomio.

Para Luciana Veiga, o caso Derosso pode ser prova de como a "responsabilização" dos políticos é possível de ocorrer, mesmo num cenário em que normalmente as pessoas acreditam ser permeado pela impunidade. "Essa cobrança feita pelas outras instituições, como Tribunal de Contas, Ministério Público e pela imprensa é importante. O outro modelo de responsabilização é o que parte do eleitor", explica a cientista política.

Sabino Picolo: presidente interino
Salamuni: nome da oposição
Caíque Ferrante: experiência
Galdino: tucano como Derosso
Dirceu Moreira: nome quase oficial
Borghetti: candidato do PP

Nem bem João Cláudio Derosso (PSDB) anunciou sua renúncia à presidência da Câmara de Curitiba, começaram a aparecer os possíveis nomes para substituí-lo na eleição marcada para a próxima segunda-feira, às 14h30. Sete vereadores já anunciaram a disposição de disputar o cargo de presidente "tampão" da Câmara ou então tiveram seus nomes lançados por colegas.

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São eles: João do Suco (PSDB); Juliano Borghetti (PP); Dirceu Moreira (PSL); Caíque Ferrante (PRP); Paulo Salamuni (PV); Professor Galdino (PSDB); e Sabino Picolo (DEM). A lista ainda pode mudar, pois não há necessidade de inscrição prévia. O novo presidente vai comandar a Casa até fevereiro do ano que vem.

Um nome que surge com força na disputa é o de João do Suco, líder do prefeito na Casa. O parlamentar tucano não compareceu à sessão de ontem, mas seu nome foi cogitado para a disputa por vereadores da situação e da própria oposição.

O presidente do PSDB de Curitiba, Fernando Ghignone, disse que em princípio o partido deve lançar candidato próprio para a presidência da Casa – a legenda tem 13 vereadores, a maior bancada da Casa. Apenas outro tucano disse que pretende concorrer – Professor Galdino.

O presidente interino da Casa, Sabino Picolo (DEM), se colocou à disposição para participar da disputa. "Vou aguardar a manifestação dos vereadores, mas meu nome está à disposição", afirmou.

A bancada de oposição, formada pelo PT, PMDB e PV, deve lançar Paulo Salamuni (PV). "Sou vereador há seis mandatos e nunca participei da mesa", disse ele. Embora os três partidos somem apenas 6 dos 38 vereadores, o vereador acredita que pode engordar a lista com partidos mais independentes, caso do PPS, PSC e PDT. "Esses pequenos apoios começam a fazer a diferença", afirmou Salamuni.

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Membro da mesa-executiva, Caíque Ferrante (PRP) disse que a presidência da Casa o agrada. "Meu nome está sendo cogitado. Há uma série de conversações sobre o assunto. Por ser um mandato curto, é interessante que seja alguém com experiência", diz. Juliano Borghetti (PP) se colocou à disposição. Já Dirceu Moreira (PSL) até iria oficializar sua candidatura na tribuna, mas a sessão acabou antes que ele pudesse fazê-lo.

Proposta

Embora as articulações tenham apenas iniciado, os vereadores esperam que o mandato tampão mude o perfil da Casa. "Espero que a mudança oxigene a Câmara", disse o líder da oposição, Jonny Stica (PT). "Não abro mão de que seja alguém sem qualquer tipo de bagagem negativa", afirmou Roberto Hinça (PSD).

A esperança é que um novo nome possa melhorar a imagem da Câmara. "Um candidato neutro, não ligado à oposição ou situação, seria ideal", disse Renata Bueno (PPS). Paulo Frote afirmou que o PSDB deve evitar a disputa. "Se [o PSDB] participar, os boatos de que o Derosso influencia o novo presidente vão persistir."

Colaborou Chico Marés

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