De acordo com auxiliares de José Sarney, mesmo enfraquecido, mesmo sendo obrigado a dividir o poder – e ciente de que, mesmo que consiga superar a crise não terá mais a força que teve nas duas presidências anteriores (1995 a 1999) –, ele não pretende afastar-se ainda da presidência. Dois são os motivos, um familiar e um político.

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Na quinta-feira, houve uma reunião de Sarney com os filhos, entre eles a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Feitas as avaliações, a família concluiu que, se as coisas não piorarem, dá para suportar a pressão. Se vier um escândalo novo envolvendo algum nome da família, aí todos vão se reunir novamente para ver se é preciso mudar a tática.

Quanto à motivação política, Sarney e os seus auxiliares próximos avaliam que tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto a oposição – tendo à frente os tucanos – acham que vão vencer a eleição presidencial do ano que vem. Para nenhum dos lados seria interessante, portanto, forçar a crise até levar Sarney a renunciar, convocando-se novas eleições.

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No caso de outra eleição, PT e PMDB poderiam repetir a briga que tiveram no início do ano, na disputa entre Sarney e Tião Viana (PT-AC), o que acabou por envolver os outros partidos. Naquela disputa interna do Congresso, os tucanos apoiaram o PT. O desgaste poderia provocar profundas fissuras entre os partidos que vão disputar a sucessão de Lula.

Desse modo, na opinião de Sarney e seus auxiliares, o tempo poderá fazer com que a crise arrefeça. Num encontro com Sarney na quinta-feira, Heráclito disse que precisa de 90 dias para dar um jeito na Casa, apresentando a conclusão das sindicâncias e demitindo quem tem de demitir.