Suzane é atriz de 5ª categoria, diz promotor

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A defesa de Suzane von Richthofen pode ser muito mais difícil agora, depois da entrevista que ela deu ao 'Fantástico' neste domingo, na avaliação de criminalistas. O julgamento está marcado para o dia 5 de junho, às 13h. Segundo advogados criminalistas, os promotores estão "com a faca e o queijo na mão" para acusar Suzane de mandante da morte dos país Marísia e Manfred von Richthofen, em outubro de 2002. Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos são assassinos confessos do crime.

Nesta segunda-feira, em entrevista ao 'Jornal Hoje', o promotor Roberto Tardelli afirmou que Suzane se comportou como 'atriz de quinta categoria'. Segundo ele, os advogados tentaram fazer a todos de 'idiotas', pois Suzane tinha um comportamento normal, indo a shoppings e academias.

- É uma atriz de quinta categoria, tentando representar um papel de quinta categoria, com diretores de quinta categoria - afirmou.

Para os criminalistas, o episódio prejudicou a imagem de Suzane e, além disso, a fita poderá ser apresentada aos jurados no dia do julgamento.

- Não há dúvida de que o promotor vai levar a fita com a entrevista de Suzane para os jurados no dia do julgamento. Ele está com a faca e o queijo na mão. Isso, com certeza, vai prejudicá-la. A impressão é que quiseram demonstrar que ela é inocente, pura, e foi corrompida por dois meninos, os irmãos Cravinhos, que eram viciados e conseguiram transformá-la - afirmou Vitória Nogueira, presidente da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp).

Em uma entrevista à Rádio CBN, Mário de Oliveira Filho, advogado de Suzane Richthofen, negou que a entrevista tenha sido forjada. Segundo ele, assim como na entrevista, Suzane mostra várias facetas no cotidiano, alternando momentos em que fica mais descontraída e que chora. O Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) São Paulo vai se reunir na noite desta segunda-feira para discutir o assunto.

- Se não fosse a segunda parte da entrevista, ainda poderia ficar a dúvida sobre o comportamento de Suzane. Afinal, em um caso como esse sempre fica a incerteza sobre um possível surto que o criminoso possa ter na hora do crime, principalmente se ele usou drogas. Agora, outra coisa é querer mostrar ingenuidade e infantilidade. Suzane teve um comportamento, no mínimo, estranho durante a entrevista - disse Vitória.

Na entrevista, Suzane se veste e fala como criança. Ela chora várias vezes, mas não solta lágrimas em nenhum momento. Depois, mais descontraída em uma cidade do interior, ao lado dos advogados e de amigos, ela sorri e se comporta como uma pessoa normal. E ainda combina com os advogados, sem saber que está com o microfone funcionando, como deve agir em frente das câmeras. Na entrevista, Suzane usava uma camiseta com estampa infantil e pantufas.

- Foi uma entrevista muito infeliz para a Suzane. Dificulta muito a defesa dos advogados. Eu diria que foi um saldo negativo para o processo de defesa de uma menina que é acusada de duplo homicídio dos pais - disse Ademar Gomes, presidente do conselho da Acrimesp.

Para Gomes, a opinião pública pode repudiar o comportamento de Suzane, conforme mostrou a imagem da televisão, e acabar influenciando o julgamento.

- Pode haver um clamor público contra ela - disse Gomes.

O conselheiro da Acrimesp, no entanto, disse que não houve delito criminal por parte dos advogados da jovem. No máximo, eles poderão ser acusados de falta de ética, segundo Gomes. O advogado criminalista José Roberto Battochio, explicou que juridicamente não há problema nenhum em o advogado orientar o seu cliente antes de qualquer depoimento ou entrevistas para aperfeiçoar a defesa. Battochio criticou o que chamou de "autoritarismo coletivo" para não se tolerar o direito de defesa de qualquer pessoa.

- Estamos vivendo uma sociedade de volúpia acusatória. O advogado deve orientar a defesa. É como um médico plantonista que luta pela saúde das pessoas em um hospital, independentemente da biografia do paciente. Ninguém pode ser condenado sem defesa - disse Battochio.

Em janeiro, o promotor público Roberto Tardelli pediu a prisão de Cristian e Daniel Cravinhos, depois de terem passado 44 dias em liberdade. Eles voltaram à prisão logo depois de darem uma entrevista à Rádio Jovem Pan. O julgamento dos três está marcado para o mesmo dia. Os advogados de Suzane tentam mudar o dia do julgamento dela, já que as defesas são opostas.