Sete pessoas comuns, como qualquer cidadão, começam nesta segunda-feira a esmiuçar detalhes do assassinato de Marísia e Manfred Com Richthofen, ocorrido em 31 de outubro de 2002. A responsabilidade delas é decidir a punição a cada um dos três réus confessos: Suzane Von Richthofen, a filha do casal, e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos.
Duas Suzanes devem ser apresentadas a eles.
Uma delas, é uma jovem fria e calculista, que planejou a morte dos pais para ficar com a herança e usufruí-la ao lado do namorado, Daniel Cravinhos. Menina mimada, não aceitava as ponderações dos pais, que, embora não proibissem o namoro, também não aceitavam inteiramente o relacionamento. Depois de ter ficado quase um mês sozinha com Daniel na casa dos pais, que haviam viajado, teria decidido que o jeito mais fácil de se livrar deles era matá-los. E assim o fez, junto com Daniel e o irmão dele, Cristian.
A outra é uma menina meiga e humilde, acostumada a conviver com a família, que teve o azar de se apaixonar por um mau caráter . Inexperiente, a jovem fez sexo pela primeira vez com Daniel e, encantada, deixou-se dominar por ele, a ponto de render-se ao consumo de drogas e à idéia de ajudar a matar seus próprios pais para, juntos, viverem um grande amor, com o dinheiro da família.
A primeira é a Suzane dos promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos Junior. A segunda, a Suzane dos advogados de defesa, Mauro Otávio Nacif e Mário Sergio de Oliveira.
Diante de perfis tão diferentes para uma única pessoa, os advogados de Suzane vão tentar, nesta segunda-feira, separar o julgamento dos três. Isso porque os advogados dos Cravinhos também vão tentar responsabilizá-la pelo crime. A separação é dada como certa até pela promotoria e a data prevista para o outro julgamento é 17 de junho. A promotoria é que decidirá quem será submetido ao Tribunal do Júri primeiro. Pelas regras processuais, seriam os Cravinhos, que não tiveram o benefício da prisão domiciliar, como ocorreu com Suzane.
Tanto os irmãos Cravinhos quanto Suzane chegaram a ser beneficiados com a liberdade até o julgamento. E a perderam do mesmo jeito: concedendo entrevista à imprensa. Primeiro foram os Cravinhos, que contaram à Rádio Jovem Pan em janeiro que chegaram até mesmo a testar uma arma para matar os pais de Suzane. Em abril, foi a vez de Suzane. Numa entrevista ao 'Fantástico', ela foi orientada pelos advogados a chorar diante das câmeras. E disse que não conseguiria, evidenciando a farsa.
Executores do crime, os Cravinhos não atraem tanto a ira das pessoas quanto Suzane. O envolvimento de dois jovens de classe média baixa com o crime parece bem mais natural do que a participação de uma jovem rica, loira e bonita.
O casal foi morto com golpes de barras de ferro, enquanto dormiam. Os três devem responder por duplo homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima. A promotoria afirma que vai pedir a pena máxima, de 60 anos, pelas mortes.
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