O depoimento de Suzane von Richthofen seguiu à risca as orientações dadas pelos advogados de defesa. Eles a instruíram a mostrar que a jovem tinha um bom relacionamento com a família e que essa relação só começou a ruir depois que ela conheceu Daniel Cravinhos e passou a namorá-lo.

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Em duas horas e meia de depoimento, ela insistiu na tese de que era dominada por Daniel, se iniciou nas drogas com o ex-namorado e que foi idéia dele matar seus pais para 'ter uma vida melhor'. Suzane disse que foi com ele que ela perdeu a virgindade e que o ex-namorado era financeiramente dependente dela. É o contrário do que Daniel disse ao juiz. Segundo ele, Suzane já era usuária de drogas antes de conhecê-lo e já tinha perdido a virgindade.

Suzane disse que se afastou da mãe, deixou de ir às aulas de caratê e faltou a algumas aulas no colégio e no cursinho para encontrar Daniel. Ela afirmou que era obrigada a mentir para a mãe.

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A jovem afirmou ainda que Daniel exigia que ela pagasse suas contas, desde a prestação do carro até a reforma no quarto. Ela disse que pagava as viagens que fazia escondido dos pais com o ex-namorado. Suzane repetiu várias vezes que apenas obedecia as ordens dele.

Ela tentou mostrar ao juiz e aos jurados que nasceu e cresceu numa família bem-estruturada e normal e negou que tenha tido a idéia de executar os pais. Ela disse que um dia antes do crime pegou as luvas cirúrgicas e as meias e colocou na bolsa, a mando dele. Segundo ela, no dia do crime, encontrou com Daniel à noite, como fazia quase todos dias, e o ex-namorado disse que 'tinha que ser naquela noite'. Suzane contou que fumou muita maconha no dia do crime e estava totalmente atordoada.

Suzane von Richthofen disse em seu depoimento que quando ela e o ex-namorado Daniel Cravinhos consumiam drogas ele sugeria como a vida seria boa sem os pais dela. Ela disse que a mãe começou a impor restrições ao namoro depois que ela começou a gastar todo o dinheiro que tinha com ele.

- Eu estava tão maconhada no dia do crime que não entendia o que estava acontecendo - afirmou.

Ela disse que dirigiu o carro com os dois até sua casa e recebeu ordens no portão para ver se os pais estavam dormindo e voltar para pegar os dois. Segundo ela afirma, Daniel tinha instruído Suzane a pegar ele e o irmão Cristian no colo para entrar na casa com o objetivo de não deixar pegadas. Ela disse que não tinha condições de fazer isso.

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Ela negou que tivesse feito qualquer sinal para que os dois subissem até o quarto onde os pais dormiam.

- Muita coisa da reconstituição não aconteceu como no dia dos fatos. Eu não fiz sinal para que eles subissem, porque quando eu desci eles estavam logo atrás de mim e subiram - afirmou.

Segundo ela, depois do crime, Cristian desceu e pegou a jarra de água na cozinha, enquanto ela pegava um saco de lixo na dispensa.

Em seguida, ela afirmou que foi procurar a mala que tinha as roupas para que os dois se trocassem.

De acordo com ela, no motel para onde foi com o ex-namorado depois de deixar Cristian, ela disse que não aconteceu nada. Ela chorava muito, contou.

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- O Daniel começou a brigar comigo. Não era mais meu amorzinho. Ele falou bravo e sério que não adiantava mais chorar. Que eu tinha que ser fria - contou Suzane.