Tadeu Veneri: Ônus e o bônus

Historicamente, o PT sempre encontrou resistências entre o eleitorado do estado. Pelos seus erros e acertos. Tanto o ex-presidente Lula como a presidente Dilma nunca estiveram na liderança das votações do Paraná. Nunca foi campeão de votos. Nem nas eleições proporcionais. Porém, dois dados chamam a atenção nesta pesquisa. A percepção do PT como o partido mais corrupto e, ao mesmo tempo, o que mais se preocupa com os pobres.

O que explica essas respostas? A realidade e a propaganda. O rótulo de “mais corrupto” é resultado de anos de ataques diários desferidos pelos meios de comunicação que, por mais aquinhoados que fossem com verbas de publicidade, nunca deixaram de tratar o PT e seus integrantes como inimigos da sociedade brasileira. Este pode ter sido um dos maiores equívocos do PT no governo: acreditar que por meio de aporte publicitário transformaria em aliados os setores historicamente comprometidos com o patrimonialismo.

Os grupos econômicos, que se expressam por meio dessa mídia, mesmo sendo beneficiados com o crescimento decorrente de políticas de governos do PT, nunca se conformaram em perder o protagonismo. Os bombardeios diários justificam a marca que ficou no imaginário da população.

Entretanto, a realidade se impõe quando se analisa o resultado dos treze anos de governo. A sociedade paranaense percebe que o PT foi o único que, ao chegar ao poder, executou políticas sociais de resgate dos direitos do cidadão. A população reconhece esses avanços e vê no PT a sigla mais identificada com os pobres, além de ser o segundo partido que mais pensa no futuro e o terceiro que dispõe dos melhores quadros. E ainda a terceira opção de filiação dos cidadãos ouvidos na pesquisa.

O resultado da pesquisa é um sinal de alerta. Não apenas para o PT. A população está descrente da democracia representativa. Ao PT, mas também aos demais partidos, cabe reorientar suas práticas e reconquistar a confiança da sociedade para que não seja atraída por promessas autoritárias. O cidadão precisa ver a política como um espaço de mediação. Este é o desafio.