O atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), e o seu sucessor, José Ivo Sartori (PMDB), se reuniram por cerca de 40 minutos nesta terça-feira no Palácio Piratini para tratar da transição de governo. Este foi o primeiro encontro dos dois após a eleição. Na saída, em conversa com jornalistas, eles disseram que há disposição dos ambos os lados para que o processo ocorra de maneira amistosa e colaborativa.
Sartori disse que Tarso lhe passou questões sobre a vida administrativa do Estado. "Vamos fazer a transição da forma mais respeitosa, democrática e transparente possível, sem problemas ou embaraço de nenhuma das partes", revelou.
De acordo com Sartori, um ponto abordado no encontro foi o endividamento público do Rio Grande do Sul. Ele disse que cumprimentou o governador por ter trabalhado pela aprovação no Senado do projeto de lei que altera a fórmula de correção da dívida de Estados e municípios, diminuindo o estoque do passivo devido à União. "O que foi encaminhado é um passo que no mínimo abre porta para futuras negociações e estabelece possibilidade nova de gerenciamento de todo esse processo", disse.
No entanto, o ex-prefeito de Caxias do Sul evitou revelar se pretende aproveitar a janela fiscal aberta pela renegociação, que permitiria ao seu governo tomar novos empréstimos para investir em áreas como saúde, educação e infraestrutura. Durante a campanha, ele se mostrou contrário à ideia, mas alguns de seus interlocutores admitem que a medida pode ser necessária. Tarso sempre defendeu a possibilidade de contrair mais dívidas com instituições como o BNDES ou com órgãos internacionais para garantir investimentos e fomentar o desenvolvimento do Estado.
Sartori não revelou que outros pontos foram tratados na reunião de hoje. Além disso, evitou especificar quais informações já foram solicitadas ao governo - desde esta segunda-feira, uma equipe de 30 técnicos nomeados pelo Sartori trabalha no acesso aos dados. "Vocês vão me desculpar, estamos recém começando um processo de transição", falou.
Após a saída de Sartori, foi a vez de Tarso se dirigir à imprensa. O petista disse que se prontificou a remeter à Assembleia Legislativa algum projeto de reestruturação administrativa que o governador eleito julgue necessário para iniciar seu mandato ano que vem. Também se colocou à disposição para novos encontros pessoais, como o de hoje.
Tarso reforçou que o governo ficará à disposição para fornecer todas as informações demandadas, mas foi taxativo ao ser perguntado sobre a situação financeira do Estado: "Vamos entregar o governo com as contas pagas e com a visão de financiamento para o futuro, que já manifestamos publicamente. Compete a ele (Sartori) gerir as finanças de acordo com a visão vencedora, que não foi a nossa".
Sobre o futuro, Tarso voltou a afirmar que, quando deixar o governo, vai se dedicar à reestruturação do PT. "É um movimento que comecei há muito tempo e vou retomar, espero que junto com o presidente Lula. E vou trabalhar muito na questão da reforma política, com a sociedade civil e os partidos", disse. "Qualquer dirigente tem que estar muito preocupado, pois este sistema atual está vencido, está bloqueando o processo democrático no País."
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