O ex-ministro do governo Lula e ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, defendeu nesta quinta-feira (5) que o PT avalie a permanência do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, na diretoria da sigla.
Ele afirmou que o partido deve designar delegados para investigar se há indícios da participação do tesoureiro no esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Nesse caso, Vaccari deveria ser afastado, disse. "Não há nada excepcional nisso. É uma obrigação", afirmou Genro.
O ex-ministro também afirmou, no entanto, que já uma "tentativa de criminalizar" o PT. Cita como exemplo "uma ação coercitiva combinada com o aniversário do partido"."Há uma forte conspiração política para tentar a aventura do impeachment ou o bloqueio do governo da presidenta Dilma Rousseff", afirmou.
Segundo ele, o governo deve reagir.Integrantes da executiva do PT defendem um ato em defesa de Vaccari nesta sexta-feira (6), quando haverá um encontro em Belo Horizonte em homenagem aos 35 anos do PT.
Investigação
Vaccari Neto foi levado para depor na Polícia Federal nesta quinta-feira em uma nova fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Com Vaccari, a polícia espera obter informações sobre doações ao partido por empresas que mantinham contrato com a Petrobras. "Nem sempre essas doações passam pelo caminho legal", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.
Segundo o delegado Igor Romário de Paula, Vaccari foi conduzido para esclarecer o "pedido de doações legais e ilegais" ao PT, feito por ele tanto a pessoas que tinham contratos com a Petrobras quanto a quem não tinha. Vaccari chegou à sede da Superintendência da PF em São Paulo, na Lapa, por volta das 9h30 e deixou o local de táxi, às 12h30, acompanhado por um advogado.
As informações sobre os pedidos partiram de colaboradores da investigação, como o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que firmou acordo de colaboração premiada com a Justiça.
Barusco disse, em depoimento, que o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013 de propina retirada dos 90 maiores contratos da Petrobras, como o da refinaria Abreu e Lima, em construção em Pernambuco.
Ele afirmou que o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, teve "participação" no recebimento desse suborno. Vaccari Neto, de acordo com ele, ficou, até março de 2013, com US$ 4,5 milhões. Segundo ele, houve pagamentos até fevereiro do ano passado.
- Ex-gerente da Petrobras confessa ter US$ 67,5 mi no exterior
- Instalação de nova CPI da Petrobras deve ser feita após o Carnaval, diz Cunha
- Propina continua "até a data de hoje"em distribuidora, diz procurador
- Nova fase não se restringe a empreiteiras, diz procurador
- Nova fase é focada na Diretoria de Serviços e na BR Distribuidora
- Empresa de Santa Catarina tinha dinheiro escondido
- Operação My Way descobre onze operadores de propinas na Petrobras
- Vaccari se recusou a abrir portão e PF teve de pular muro para entrar
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura