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| Foto: Fábio Dias/Arquivo Gazeta do Povo

Petrobras comprou metade da usina de Marialva em 2010

A usina de Marialva, a cerca de 20 quilômetros de Maringá, foi parcialmente comprada pela Petrobras em 2010. O negócio foi feito com a empresa BSBios, do Rio Grande do Sul.

A unidade se tornou a primeira da Petrobras Biocombustível no Sul do Brasil e é administrada em conjunto com a BSBios.

A usina era de outra empresa, que entrou em recuperação judicial. Por conta disso, em 2008, a BSBios assumiu o projeto. A Petrobrás Biocombustível entrou no negócio logo em seguida.

A inauguração aconteceu em maio de 2010, com capacidade de produzir 127 milhões de litros do combustível por ano, o que representava cerca de 60% da demanda do estado, de 200 milhões de litros anuais.

Marialva foi escolhida por estar em um ponto estratégico para o transporte de combustível entre Paraná e São Paulo, que são dois dos principais consumidores de diesel no Brasil.

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a abertura de auditoria para apurar suspeita de superfaturamento na compra das usinas de Marialva (PR) e Passo Fundo (RS) pela Petrobras Biocombustíveis. Para ministros da corte, há indícios de que o negócio foi uma "mini-Pasadena" - suspeita-se que a estatal tenha pago por participações nas duas plantas mais do que elas custariam, a exemplo do que teria ocorrido na aquisição da refinaria nos Estados Unidos.

Aberta por acórdão votado nesta quarta-feira, a auditoria terá duração de 90 dias. O tribunal deve fazer o levantamento de todos os ativos adquiridos ou alienados pela Petrobras, em período a ser definido, tendo em vista as recorrentes notícias de prejuízo.

O TCU recebeu representação do deputado Paulo Feijó (PR-RJ) sobre as supostas irregularidades na compra das duas usinas. Ao avaliar o negócio com base em informações de demonstrações contábeis e relatórios da estatal, a área técnica viu indícios de prejuízo no negócio. A estatal desembolsou cerca de R$ 200 milhões pelas duas plantas.

Em dezembro de 2009, a Petrobras comprou 50% da usina de Marialva por R$ 55 milhões. Conforme a representação ao TCU, ela havia sido adquirida integralmente por R$ 37 milhões, dois meses antes, pela empresa BSBios Sul Brasil. "Isso aqui é uma espécie de ‘mini-Pasadena’. A pessoa comprou por um preço e vendeu à Petrobras por um preço bastante superior", afirmou o ministro José Jorge, relator do processo e também responsável pela auditoria sobre a aquisição da refinaria no Texas (EUA).

Em 2006, a Petrobras adquiriu metade da participação de Pasadena e estoques de petróleo por US$ 360 milhões. Um ano antes, toda a refinaria teria custado cerca de um sexto desse valor ao grupo belga Astra Oil. Após uma disputa judicial com a sócia, a estatal brasileira pagou mais US$ 820 milhões pelo restante da participação.

A aquisição foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, presidido na época pela então ministra Dilma Rousseff. Em março passado, Dilma disse ao Estado que só aprovou a operação por ter sido amparada por um parecer "incompleto" e "falho".

"O melhor negócio do mundo não é petróleo, é negociar com a Petrobras", ironizou o ministro Walton Alencar, que classificou o caso como "escandaloso" e defendeu uma apuração mais profunda. "É como se eu comprasse um apartamento por R$ 10 milhões hoje e, daqui a dois meses, vendesse 50% por R$ 15 milhões. Aí eu fico com os outros 50% de lucro e ainda embolso R$ 5 milhões. Também quero."

Caso análogo

A participação de 50% na usina de Passo Fundo foi comprada em 2011, também da BS Bios. Segundo o TCU, um relatório da Petrobrás naquele ano diz que a planta custou à estatal R$ 133,1 milhões. Em outro, de 2013, o valor informado seria de R$ 144,7 milhões. "Verifica-se, a priori, uma divergência de informações" diz relatório do tribunal.

"Diante da relevância do objeto proposto, envolvendo dispêndio de recursos da ordem de R$ 200 milhões para a aquisição de duas usinas de biodiesel, e do risco de aquisição das participações societárias com sobrepreço, deve ser realizada a fiscalização", defendem os auditores do tribunal. Procurada pela reportagem, a Petrobras não se pronunciou até a noite desta quarta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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