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O vice-presidente da República, Michel Temer, defendeu nesta quarta-feira (23) a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Na opinião de Temer, o fato de Renan ter deixado a presidência da Casa em 2007 em meio a uma série acusações não descredencia o seu nome para voltar ao cargo.

"Não creio. Vai depender muito da gestão que ele vier a fazer. Ele fazendo uma gestão correta, adequada, isso ao invés de prejudicá-lo, vai enaltecê-lo. Mas é o futuro que vai dizer", afirmou.

O vice-presidente disse que o nome de Renan "tem tradição" e o peemedebista foi escolhido "pelo Senado e pelo partido". "Ele pode fazer uma belíssima gestão, é isso que nós esperamos", afirmou Temer.

Renan não declara oficialmente que é candidato, mas trabalha nos bastidores para ser eleito no dia 1º de fevereiro para mais um mandato de dois anos na presidência do Casa.

Até agora, o único adversário de Renan é o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) -mas a oposição e o grupo de "independentes" articula a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT) ou outro peemedebista num contraponto a Renan.

Temer disse que Renan, apesar de ainda não ser oficialmente candidato, vai assumir seu ingresso na disputa na semana que vem -como o próprio peemedebista revelou a interlocutores.

Se confirmar o favoritismo, Renan voltará para o cargo que teve de deixar em dezembro de 2007, num acordo para preservar seu mandato. Naquele ano, o senador enfrentou suspeitas de que contas da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, eram pagas por um lobista da empresa Mendes Júnior.

Ele negou e, para provar que tinha renda para os pagamentos, apresentou notas referentes à venda de bois. Também foi alvo de outras denúncias, como a de usar "laranjas" e apresentar notas frias.

O vice-presidente se reuniu hoje com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para discutir a sucessão no comando da Casa. Temer, que é presidente de honra do PMDB, disse que o encontro foi uma visita de "cortesia" às vésperas de Sarney deixar o cargo.

"Ele é muito consciente dessa história da liturgia, eu queria fazer uma visita para nós conversarmos sobre o futuro. Ele escutou, conversou, foi isso, nada mais", afirmou.

Fundo de Participação

Sobre o impasse em torno da votação dos novos critérios de distribuição dos recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados), Temer disse que o "Congresso tem o seu tempo" para decidir a questão.

"O governo tem tomado providências no sentido de não prejudicar os Estados. Muito proximamente o Congresso Nacional deve se reunir para decidir essa matéria, não tenho dúvidas disso. O Congresso tem o seu tempo, no seu tempo vai decidir, não vai prejudicar [os Estados]", afirmou.

O impasse começou há dois anos, quando o STF considerou as atuais regras de rateio desatualizadas e ilegais, dando até 2012 para que o Congresso aprovasse uma nova maneira de partilha. Sem acordo, ela não foi aprovada.

Uma ação patrocinada por quatro Estados no STF (Supremo Tribunal Federal) pediu a prorrogação do prazo para a fixação de novas regras de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), para evitar que as unidades federativas não fiquem sem receber o dinheiro. Na ação, os Estados acusam o Congresso de ter sido omisso na discussão do tema.

Ao receber a ação protocolada pelos governadores (de MA, MG, PE e BA), o presidente interino do Supremo, Ricardo Lewandowski, pediu explicações ao Legislativo.

Em resposta, Sarney negou omissão do Congresso no tema. Disse que não houve "inércia do Poder Legislativo a justificar qualquer intervenção do Poder Judiciário em suas atividades típicas, em atenção ao princípio da separação dos Poderes".

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