O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB) anunciou nesta sexta-feira (6) uma manobra jurídica para afastar do cargo o novo corregedor da casa - Edmar Moreira (DEM) - que tomou posse há menos de uma semana.
Temer disse que decidiu pôr em votação, na semana que vem, um projeto que separa dois cargos hoje acumulados por Edmar Moreira: o de corregedor e o de segundo vice-presidente.
Segundo Temer, o deputado Moreira já concordou em deixar a corregedoria. "O corregedor será escolhido por mim e fora da mesa diretora. Portanto, não ficará mais na segunda vice-presidência, que é titularizada pelo deputado Edmar Moreira", afirmou o presidente da Câmara.
Denúncias
As denúncias contra Edmar Moreira vieram à tona depois que ele assumiu, esta semana, o cargo de corregedor, encarregado de abrir investigação contra deputados suspeitos de quebrar o decoro. Mas Moreira disse que é contra julgar os próprios colegas.
O deputado do Democratas pôs à venda um castelo no interior de Minas Gerais - que não aparece na sua declaração ao Imposto de Renda -, propriedade que ele diz ter doado aos filhos.
Além disso, Edmar Moreira responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Ministério Público, ele não repassou ao INSS as contribuições previdenciárias dos funcionarios de suas empresas.
Explicações
O deputado Edmar Moreira deve deixar a corregedoria da Câmara. Mas ainda pode ter de se explicar à Justiça. Em São Paulo, ele fez carreira na área de segurança, e empresas abertas por ele são acusadas não cumprir obrigações trabalhistas.
O advogado Luciano Minto defende quatro ex-funcionários de uma empresa falida que pertenceu ao deputado. "A gente espera a responsabilização, do próprio deputado fazendo as vezes da empresa, arcando com todas as verbas a que for condenado", diz ele.
Um dos motoristas da empresa de segurança chegou a visitar o castelo do deputado. Um detalhe impressionou: "o sabonete pra você lavar a mão tinha assim a fotografia da esposa", afirma
No Ministério Público do Trabalho, em Campinas (SP), há ações movidas em cidades do interior de São Paulo e ex-funcionários reclamando seus direitos. Um deles é Carlos Alberto da Silva: "um pedacinho daquele castelo é meu também. Porque ele deixou de recolher tributos nossos e usou pra outro fim", afirma.
O deputado Edmar Moreira não foi encontrado para comentar as ações trabalhistas.
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