O vice-presidente Michel Temer rompeu o silêncio que havia prometido após a aceitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara e revelou aspectos do seu governo caso o afastamento da presidente seja confirmado no Senado.
Em entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, do canal de televisão Globo News, nesta terça-feira (3), Temer falou sobre a construção de um novo governo ao lado do PSDB e as dificuldades encontradas para a montagem de um ministério reduzido.
Ele disse que concorda com os 15 pontos apresentados pelo PSDB como condições para participar de seu eventual governo, entre os quais estão a adoção do parlamentarismo, o combate à corrupção, a simplificação do sistema tributários e a reforma política.
“Se for o caso, nós temos que empreender um grande reforma política, para então adotarmos o sistema parlamentarista”, disse Temer. Segundo ele, a mudança no sistema de governo se daria a partir de 2018 e que ele não tem objeção a isso.
Sobre mudanças mais imediatas, Temer disse que jamais falou em reduzir o número de ministérios para 20 e que o número poderia ficar entre 25 e 27. “Você sabe que eu temo muitas vezes eliminar alguns ministérios que dizem respeito à área social. E como há muita acusação que eu estaria, digamos assim, contrariando os direitos sociais auferidos ao longo do tempo”, afirmou.
Temer recebe ‘romaria’ de dirigentes de partidos para fechar ministérios
Leia a matéria completaQuanto a quem assumiria estes ministérios, o vice-presidente preferiu não se comprometer e disse que ainda está examinando quem seriam seus ministros.
Questionado sobre a possibilidade de não nomear investigados pela Operação Lava Jato, Temer disse que não sabia se isso seria um fator impeditivo para uma eventual nomeação, porque se trata de uma investigação, não de uma acusação.
O vice-presidente optou também por não avaliar a possibilidade de, assumindo a Presidência, precisar se ausentar e deixar o país nas mãos de Eduardo Cunha, que é réu da Lava-Jato.
Desafios
Durante a entrevista, Temer reconheceu que dois dos desafios que pode enfrentar caso assuma a Presidência são a economia e manifestações contrárias ao seu governo. No que diz respeito à economia, o político disse que espera “produzir algo produtivo para o país” e que conta com a colaboração de diversos economistas, inclusive Henrique Meirelles, para poder apresentar “algo que seja palatável para o país” logo no início de seu eventual governo.
Sobre mobilizações contrárias ao seu governo, Temer disse que, mesmo que desagradem, elas são fruto da democracia e que não devem ser predatórias ou “contra o país”.
Temer pode assumir a presidência já na próxima semana, quando deve ser votada a admissibilidade do impeachment no Senado. Caso a maioria opte pela saída de Dilma, ela ficará 180 dias afastada, período em que o vice-presidente assume o cargo. Com relação à possibilidade de Dilma transformar o Palácio da Alvorada num “bunker de enfrentamento” de seu eventual governo durante este período, o vice-presidente disse que a presidente “merece todo o respeito institucional” e que não vê inconveniente no uso do Alvorada por ela.
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