Em um discurso com críticas ao cenário de crise política e econômica, mas sem ataques diretos ao governo, o vice-presidente Michel Temer afirmou na convenção do PMDB neste sábado que “não é hora de dividir os brasileiros” e que “não podemos nos abater nem perder a confiança no futuro”. Neste sábado, o vice-presidente da República foi reconduzido à presidência nacional do PMDB com 537 votos (96% do total de 559 votos).
“Não é hora de dividir os brasileiros, de acirrar os ânimos. Não é hora de levantar muros. A hora é de construir pontes” afirmou o vice. Temer destacou que, hoje, o país não enfrenta problemas “relativos à democracia”, mas que passa por “grave crise econômica e política”.
“Não podemos deixar que os graves problemas do atual ciclo por que passa o país comprometam os substantivos ganhos sociais alcançados nos últimos tempos e nem que reduzam os potenciais e a capacidade da economia nacional” defendeu Temer.
O vice-presidente disse ainda que o quadro de crise econômica precisa ser combatido com medidas para valorizar a iniciativa privada e que racionalizem a administração. O vice citou os documentos Agenda Brasil, apresentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Uma Ponte para o Futuro, de autoria da fundação do partido, ambos com medidas para enfrentar a crise.
“O quadro recessivo, o desemprego crescente e a carestia são realidades que devem ser combatidas por meio de políticas de valorização da iniciativa provada e de estímulo à expansão da competitividade. E isso ao lado de medidas de ajuste que racionalizem a administração por meio de reformas estruturantes”, disse.
Temer disse que o partido irá apresentar uma proposta para “garantir e ampliar avanços sociais e a igualdade de oportunidades para todos”. Segundo o vice, serão propostas para repor a confiança dos setores produtivos para ampliar o nível de emprego e reparar os fatores que deterioraram as contas públicas.
O vice destacou que o PMDB sempre teve diversidades internas, mas que converge quando é preciso “cuidar do país”.
“Isso é o que tem nos incentivado a pregar a unidade nacional, a harmonia e a independência entre os Poderes, a aliança entre o capital e o trabalho, diálogo entre todas as correntes de opinião, o entendimento entre os partidos, o auxílio e o apoio indispensáveis do Congresso Nacional”, afirmou.
Temer finalizou o discurso dizendo que o partido sairá da convenção hoje unido para “resgatar os valores da nossa República e reencontrar a via do crescimento econômico e do desenvolvimento social”.
Cargos
O discurso ocorreu no mesmo dia em que o partido aprovou uma moção vetando que sejam aceitos novos cargos no governo até que se decida pelo rompimento ou apoio à presidente Dilma Rousseff. A decisão foi tomada sob forte pressão da militância, que pedia o afastamento do governo.
No início da convenção, os militantes gritaram palavras contra o governo, como “Fora Dilma” e “Fora PT”, e ovacionaram a entrada de Temer. O vice-presidente foi descrito como o “grande líder” em diversos discursos da convenção do PMDB, que pode marcar a aglutinação do partido em torno da tese do impeachment rápido da presidente Dilma.
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