O vice-presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta segunda-feira (6) que é preciso evitar que uma crise institucional se instale no governo. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff está tranquila com o avanço do movimento dentro do Congresso Nacional em torno da possibilidade de ela deixar a Presidência. E sobre a participação da oposição nesse movimento, Temer disse que partidos como o PSDB estão no seu papel de criticar o governo e assim ajudá-lo a governar, mas admitiu ver essa “pregação” sobre a queda de Dilma com preocupação.
“A presidente está inteiramente tranquila. Todos nós achamos que é algo impensável para o momento atual [a saída da Presidência]. Eu vejo essa pregação com muita preocupação. Nós não podemos ter a essa altura, em que o país tem grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por diversos setores. A crise é usada muito genericamente quando você pode ter uma crise econômica, uma crise política. O que não se quer é uma crise institucional. Levar-se adiante uma ideia de impedimento da presidente da República poderia revelar uma crise institucional, que é indesejável para o país”, disse.
Temer afirmou que o governo continua contando com o apoio do Congresso e que prova disso é que conseguiu aprovar as matérias de ajuste fiscal que enviou para o Legislativo. Ele citou que houve derrotas pontuais, como a aprovação em primeiro turno da redução da maioridade penal e do aumento dos salários para o Judiciário, mas destacou que essas pautas não são originárias do Executivo, e sim da sociedade.
O peemedebista concedeu a entrevista coletiva a pedido de Dilma, com quem esteve reunido para a semanal reunião de coordenação política. Junto com ele, foram escalados a falar os ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e o líder do governo, Delcídio Amaral (PT-MS). Os três ficaram calados ao longo de toda a entrevista e só pediram a palavra ao final, quando pegaram no microfone para fazer um desagravo a Temer e elogiar sua atuação na articulação política do governo.
Articulação política
Temer negou rebateu também as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que deveria deixar a articulação política do governo, e disse que as funções fazem parte de suas prerrogativas de vice-presidente. “Essa especulação, se vou deixar a articulação política ou não, é um pouco fora de prumo, porque, na verdade, o que se espera do vice é que sempre ajude na articulação política. Em síntese, esteja eu designado pela presidente ou não, continuarei sempre na articulação política do país, não tenham a menor dúvida disso”, afirmou, negando que se sinta “sabotado pelo PT”, como avaliou Cunha.
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