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Temer:  “Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave”. | Wilson Dias/Agência Brasil
Temer: “Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave”.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Depois de uma manhã de reuniões com líderes do Senado, da Câmara e ministros, o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer (PMDB), reconheceu nesta quarta-feira (5) que o país enfrenta uma grave crise política e econômica e fez um apelo para que o Congresso ajude a unificar o país.

Visivelmente preocupado, Temer afirmou que será preciso ter o apoio de todos os brasileiros e chamou o Congresso para enfrentar o atual cenário.

“Estamos pleiteando exata e precisamente que todos se dediquem a resolver o problema do país. Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave. Não tenho dúvida que é grave”, disse Temer. “É grave porque há uma crise política se ensaiando. Há uma crise econômica que está precisando ser ajustada. Mas, para tanto, é preciso contar com o Congresso Nacional. É preciso contar com os vários setores da sociedade brasileira.”

Ministro elogia o PSDB em busca de apoio para aprovar ajuste fiscal

  • BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, admitiu nesta quarta-feira (5) que o governo cometeu erros – sem especificar quais – e pediu apoio da oposição para o que chamou de responsabilidade fiscal. O ministro foi elogioso ao PSDB, lembrando que a gestão dos tucanos foi marcada pelo controle da inflação, e pediu um apoio suprapartidário para questões que envolvem política de estado, como a indústria naval. “Vocês [tucanos] têm experiências importantes na administração de estados e do Brasil e precisamos ter pactos de política de estado que vão além do governo”, afirmou, dirigindo-se ao presidente da Comissão de Minas e Energia, Rodrigo de Castro (PSDB-MG).

Semestre conturbado

O pedido do vice-presidente ocorre diante de um início de segundo semestre conturbado para o governo: dificuldades para aprovar os projetos do ajuste econômico, possibilidade de o Congresso aprovar as chamadas “pautas-bomba” (que aumentam os gastos públicos), discussão do impeachment na Câmara, manifestações marcadas para o próximo dia 16 contra Dilma e risco de o Planalto ter as contas do ano de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) devido às pedaladas fiscais.

“Vocês sabem que ao longo do tempo nós tivemos sucesso na articulação política, mas hoje, quando exatamente se inaugura o segundo semestre, agrava-se uma possível crise”, disse Temer.

Com o rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo e as frequentes derrotas impostas ao Planalto no Congresso, Temer afirmou que a situação é preocupante tanto na Câmara quanto no Senado, mas que só as Casas podem unir o país. “Há uma certa preocupação, não posso negar isso. Daí a razão desta espécie de convocação no sentido de que todos trabalhemos juntos. Não há como trabalhar separadamente porque a separação envolve prejuízos para o país”, disse Temer . “Eu tenho pregado, com frequência, vocês sabem, a ideia da tranquilidade, da moderação, da harmonia. Especialmente da harmonia entre os órgãos do Poder. E hoje, mais do que nunca, se faz necessária essa harmonia que nós tanto temos alardeado.”

O vice-presidente ainda demonstrou preocupação com a repercussão da crise que o país enfrenta no exterior. “Nós temos que ter uma atuação aqui no Brasil que repercuta positivamente no exterior. E se nós não tomarmos cuidado nossa atuação no Brasil, pode repercutir negativamente no exterior.”

Desde segunda-feira, o vice vem se reunindo com a base aliada do governo para tentar uma reaproximação com o Congresso. Em um dos encontros, Temer pediu para que os ministros atendam mais às demandas dos deputados.

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