Presidente interino Michel Temer tem pouco tempo para fazer o país voltar a crescer.| Foto: Evaristo Sá/AFP

Presidentes recém-empossados costumam ter pelo menos um ano de “lua de mel” com a opinião pública e o Congresso. Nesse período, o governante tende a ver suas propostas aprovadas pelo Legislativo sem grandes dificuldades. Michel Temer (PMDB) trabalha com um prazo muito mais apertado: apenas 60 dias.

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INFOGRÁFICO: As medidas que serão tomadas pelo governo Temer

O peemedebista quer mostrar a que veio logo nos dois primeiros meses do novo governo, negociando com os congressistas medidas que indiquem ao país que o crescimento econômico será retomado e a estabilidade fiscal e a credibilidade política, resgatadas. O objetivo é conquistar a confiança da população e do setor produtivo.

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A pressa de Temer tem razão de ser. Ele conta com amplo apoio no Congresso. A base aliada foi construída com os partidos favoráveis ao impeachment da presidente afastada e, em princípio, garante mais de dois terços dos votos tanto na Câmara quanto no Senado – número suficiente para aprovar emendas constitucionais.

Mas o novo presidente ainda é visto com receio pela maioria dos brasileiros. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em abril mostrou que 58% dos brasileiros querem que ele também sofra impeachment. Se não mudar os rumos do país e não der ânimo à economia em pouco tempo, as mesmas ruas que gritaram “Fora Dilma” podem emparedar Temer.

A possibilidade de ter de enfrentar a insatisfação popular e do setor produtivo é uma ameaça para a estabilidade da base aliada, que se sentiria pressionada pelos eleitores. E, consequentemente, seria um risco para o próprio governo Temer.

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Além disso, até novembro, quando termina o prazo para o Senado decidir se afasta Dilma Roussef (PT) de forma definitiva, a possibilidade de a petista retornar ao Planalto será uma sombra permanente sobre a nova gestão. Para exorcizar esse fantasma, o peemedebista tem de ter sucesso. E rápido.

Ritmo da política

O calendário do presidente em exercício segue o peculiar ritmo da agenda da política nacional, marcada pelas férias oficiais e extraoficiais de deputados e senadores.

Área social

O presidente interino Michel Temer (PMDB) prepara para a semana que vem o anúncio de um conjunto de medidas na área social. Chamado de “Travessia Social”, o documento buscará sinalizar que o novo governo, apesar de ter de adotar medidas impopulares, não vai descuidar da população – sobretudo dos mais pobres. Por enquanto, porém, ainda não há informações de quais serão essas medidas.

Daqui a dois meses, em julho, começa o recesso parlamentar do meio de ano. Logo depois, em agosto, o país tende a parar durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. E, em setembro, a campanha eleitoral para eleger os novos prefeitos e vereadores vai estar a pleno vapor, roubando a atenção dos parlamentares e dificultando a aprovação de projetos no Congresso.

Portanto, se as medidas que o novo presidente julga necessárias não forem bem encaminhadas nos próximos dois meses, ficarão para outubro. Talvez seja tarde demais para um governo interino que pode durar apenas alguns meses.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]