Padilha: “Os tempos mudaram, e alguns políticos e alguns partidos não se deram conta disso”.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha diz que o governo não pode parar por causa da Lava Jato. Citado em delação da empreiteira Odebrecht, ele nega qualquer irregularidade e afirma que ministro é forte ou frágil na medida em que recebe o apoio do presidente.

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Como governar num ambiente de tanta instabilidade política?

O governo tem que governar, não pode parar para analisar, ficar avaliando ações que dizem respeito a outras instituições. Temos que fazer com que estas medidas que estamos anunciando se tornem efetivas. Temos que concluir a travessia.

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O governo parece muitas vezes imobilizado pelos aliados. Exemplo disso foi o “centrão” conseguir impedir a nomeação de um ministro [o deputado Antonio Imbassahy, para a Secretaria de Governo]. Como se equilibrar nessa relação difícil com a base?

O presidente Michel Temer sabe como ninguém esgrimir o diálogo com as várias correntes que integram a base de sustentação do governo. Eu não acredito que possamos estar como reféns. O presidente tem uma relação política de alta desenvoltura, e isso faz com que a gente tenha que acreditar que a franquia dele junto a essa base é diferenciada e muito grande.

Como os partidos e os políticos vão sobreviver à Operação Lava Jato?

Os tempos mudaram, e alguns políticos e alguns partidos não se deram conta disso. Temos hoje forças que acabaram se sobrepondo àquelas tradicionais no processo político. A partir da democratização da informação, estamos vendo forças políticas que não são formais, que não pertencem a partidos, mas que tem muita importância no momento da decisão. Os políticos que quiserem continuar sendo políticos terão que caminhar no mesmo rumo. Caso contrário, farão parte do passado.

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O senhor é citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho como participante de um jantar em que foi acertado o repasse de R$ 10 milhões. Desse valor, o senhor teria ficado responsável pela distribuição de R$ 4 milhões, sendo que R$ 1 milhão teria ido para [o ex-deputado] Eduardo Cunha. O que aconteceu?

Houve o jantar. O presidente já relatou, e eu faço minhas as palavras dele, em que ele pediu, se fosse possível, que se ajudasse a campanha do PMDB. Houve o auxílio. Os recursos foram registrados por depósitos bancários, foi feita a prestação de contas, e as contas foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Eu, pessoalmente, não era candidato. Não fui candidato em 2014. Não pedi e não recebi dinheiro de ninguém.

E os R$ 4 milhões que o delator afirma que o senhor movimentou?

Eu não pedi e não recebi. [Sobre os R$ 1 milhão] eu desconheço.

O senhor se sente frágil na posição de ministro diante dessas delações da Odebrecht?

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O ministro é forte ou frágil na medida em que tem ou não o apoio do presidente. E eu tenho tido do presidente Michel Temer mais do que apoio. Eu tenho tido estímulo. Eu tenho tido de parte dele as melhores manifestações de aposta na eficácia do trabalho da Casa Civil. Então, me sinto absolutamente à vontade. Estou à vontade para executar a difícil tarefa que é ser chefe da Casa Civil.

O que o governo considera intocável na Reforma da Previdência?

Idade mínima é absolutamente inegociável, e também a nova forma de pagamento das pensões [o benefício cairá para 50%, mais 10% por dependente no limite de 100% para os setores público e privado]. São os temas que têm mais impacto.