O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki homologou a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, que tem como alvo principal o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Também há citação lateral ao ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e implicação ao corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, aliado de Cunha.
Agora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode usar a colaboração para pedir a abertura de novos inquéritos da Lava Jato e para incluir detalhes em investigações que já estão em andamento no Supremo, além de poder pedir que trechos de eventuais menções de pessoas sem foro privilegiado sejam analisados pelo juiz Sergio Moro, no Paraná.
Segundo a reportagem apurou, Cleto afirmou em sua delação premiada que havia uma sistemática de pagamentos de propina para liberação de recursos do fundo de investimentos do FGTS e que a propina era dividida entre ele, Cunha e Funaro.
De acordo com pessoa próxima às investigações, Cleto detalhou pagamentos de propina feitos por empresas em cerca de dez operações do FI-FGTS, com o objetivo de captar os recursos do fundo. Segundo Cleto, ele e Cunha usaram contas no exterior para receber os pagamentos. Um dos casos, já tornado público na delação da Carioca Engenharia, foi para as obras do Porto Maravilha, no Rio, feita em consórcio com a OAS e a Odebrecht.
FGTS
Além desse, Cleto implica outras grandes empresas na corrupção relacionada ao FI-FGTS. Dentre elas estão não apenas construtoras, mas empresas de outros setores, segundo fontes ligadas à investigação do caso. A reportagem apurou que, em seu relato, Cleto contou que Cunha acertava a propina enquanto ele cuidava do convencimento dos demais conselheiros do FI-FGTS pela liberação dos recursos para as empresas.
O ex-vice da Caixa também implicou no esquema Lúcio Funaro, aliado de Cunha. Cleto citou Funaro como um operador do peemedebista e relatou irregularidades envolvendo-o. Funaro já é investigado no Supremo Tribunal Federal em um inquérito juntamente a Cunha e outros deputados aliados do peemedebista, sob suspeita de atuarem por meio de requerimentos na Câmara para pressionar executivos do grupo Schahin a resolverem uma disputa comercial com Funaro.
Outro lado
Procurado, o advogado de Fábio Cleto, Adriano Salles Vanni, afirmou que não iria comentar. A assessoria de Cunha nega o envolvimento dele em irregularidades.
O corretor de valores Lucio Funaro informou, por meio de uma nota, que “não tenho conhecimento da delação, nem dos fatos narrados na mesma, e que estou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos.”