Soldados do Exército participaram de intenso tiroteio na manhã desta sexta-feira com traficantes do Morro da Providência. Cerca de 200 militares estão na favela, onde foram apreendidos dez quilos de cocaína e farta munição. Um helicóptero das Forças Armadas faz sobrevôos no local. Os militares ocupam a Praça Machado de Assis, no alto do Morro do Pinto, que faz parte do complexo de favelas e fica em frente à Providência, na Zona Portuária. Os homens do Exército revistam moradores e veículos. O Comando Militar do Leste explicou que o Morro do Pinto foi ocupado para evitar que traficantes disparassem de lá contra soldados que estão na Providência.
A troca de tiros assustou muita gente, até mesmo quem circulava em ruas mais distantes do morro, de onde se podia ouvir o som dos disparos. Na Central do Brasil quem desembarcava para trabalhar ficava preocupado. Também na manhã desta sexta o Exército deixou a Favela do Dique, no Jardim América, e o Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Agora são seis comunidades ocupadas.
Crianças deixam de ir à escola, com medo
Os transtornos com a ocupação do Exército nas favelas chegaram às crianças. Com medo de tiroteios, mães não estão permitindo que os filhos desçam para freqüentar a escola. Um levantamento feito nas favelas da Mangueira, Providência e Fazendinha mostra que pelo menos 90 colégios das regiões ocupadas pelo Exército estão com número reduzido de alunos nas salas de aula.
No Morro da Providência, uma mãe recebeu um bilhete da professora do filho perguntando por que a criança não estava indo à escola.
- Não posso levar ele para a escola porque pode ter tiroteio - disse ela, que não quis se identificar.
A presidente da Associação de Moradores da Providência, Márcia Regina, explicou que a creche e a escola do conjunto habitacional Vila Portuária não estão tendo aulas. Outras duas estão com número reduzido de alunos.
As vinte escolas que atendem aos moradores da Mangueira estão praticamente fechadas por falta de alunos. - Não é culpa dos militares, mas as mães estão com medo de tiroteio - explicou o presidente da Associação de Moradores, José Roque.
Por questões de segurança, a diretora da escola municipal Henrique Foréis, na Fazendinha, avisou aos pais dos alunos que as aulas estavam suspensas. Nas imediações do Complexo do Alemão, a escola municipal Nereu Sampaio não teve aula na tarde de quinta-feira.
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