Os jogadores Ronaldo, do Real Madrid e da seleção brasileira, e Júlio César, da Inter de Milão, citados em conversas com traficantes gravadas com autorização da Justiça, prestaram depoimento nesta segunda-feira no Rio. A polícia descartou o envolvimento de ambos com o tráfico de drogas. Ronaldo chegou ao Rio pela manhã e foi direto, de helicóptero, para o Serviço de Repressão a Entorpecentes (SRE), em Niterói. O nome de Ronaldo é citado em uma conversa entre dois dos 13 jovens de classe média presos numa operação que desbaratou uma quadrilha que usava o site de relacionamentos Orkut, na internet, para vender drogas. Ronaldo está no Brasil para o jogo da seleção contra o Chile no domingo, em Brasília, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006.

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Ronaldo foi até a delegacia espontaneamente e depôs como testemunha. Após 40 minutos de depoimento, o jogador deixou a unidade sem falar com a imprensa. Ele disse apenas que já estava tudo esclarecido. Segundo a assessoria de imprensa de Ronaldo, ele resolveu se apresentar sem ter sido convocado e, por isso, não estava acompanhado de advogado. O delegado titular do Serviço de Repressão a Entorpecentes de Niterói, Luiz Marcelo Xavier, informou que o depoimento de Ronaldo afasta qualquer possibilidade de sua participação na venda de drogas pela internet.

O jogador da seleção brasileira contou ao delegado que de fato esteve na casa de amigos com sua ex-namorada Lívia Lemos e que lá estava o irmão dela, Amon Lemos. A pedido dele, o jogador teria tirado uma foto. Após ouvir vários depoimentos, o delegado concluiu que Amon utilizou o conhecimento com o jogador para alcançar status dentro da quadrilha.

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Ato de confiançaRonaldo afirmou que, durante o encontro na casa do amigo, na Barra da Tijuca, nenhum dos presentes fez uso de drogas e sequer o assunto foi levantado entre o grupo. O delegado fez questão de elogiar a atitude do jogador de se apresentar espontaneamente sem a presença de advogado. Em sua interpretação, foi um ato de confiança no poder público.

Já o goleiro Júlio César prestou depoimento na sede da Polinter, na Zona Portuária. O atleta aparece duas vezes em gravações da polícia conversando com o chefe do tráfico na Rocinha, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi. Ele também chegou ao Rio nesta segunda para o jogo contra o Chile e disse apenasque em nenhum momento negou que a voz no telefonema grampeado pela polícia fosse sua e evitou dar detalhes do suposto relacionamento com o traficante.

Ao deixar a Polinter, se desculpou:

- Eu peço desculpas. Foi um ato impensado, não sabia que ia ter essa repercussão. Vocês me conhecem, sabem como eu sou, a família que eu tenho.

Na última das duas conversas gravadas entre o jogador e o traficante, o goleiro relata ao traficante um assalto que tinha presenciado perto da Rocinha. Júlio César já dissera em outra ocasião que conversou com Bem-Te-Vi por insistência de um amigo comum.

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Próximo passo

Segundo a chefe de investigação da Polinter, a inspetora Marina Magessi, o próximo passo da polícia é descobrir qual era o benefício que o advogado Marcelo Santoro, irmão de Mônica Santoro, ex-mulher de Romário, recebia do bandido. O goleiro também desmentiu que tenha sido apresentado ao traficante pelo advogado.

Na próxima quarta-feira, Mônica Santoro prestará depoimento.