A tragédia ocorrida durante a sessão de autógrafos da banda pop mexicana RBD, que deixou três mortos e mais de 30 feridos, reacende o debate em torno da realização de grandes shows e eventos abertos ao público na capital paulista. O prefeito José Serra já proibiu a realização deste tipo de evento na Avenida Paulista, depois do quebra-quebra promovido no ano passado pela torcida do São Paulo Futebol Clube, e tenta fazer com que eles sejam direcionados a locais onde não causem tumulto. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) decidiu até mesmo cobrar para cuidar do trânsito em eventos privados e vai começar pelo show do U2, marcado para o dia 20 no Estádio do Morumbi. É comum na cidade a realização de shows, corridas e toda a sorte de evento patrocinado por empresas.

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No caso do RBD, grupo que faz sucesso entre crianças e adolescentes, os depoimentos de leitores do 'GloboOnline' mostram que muitos fãs do grupo foram atrás apenas de autógrafos e que, ao chegar lá, não havia fila e sim um palco para show, considerado pequeno para um grupo internacional que faz sucesso no país.

As filhas de Roseleni Schuler Fava, que mora na Lapa, na zona oeste, cruzaram a cidade para ir até o estacionamento do Extra na Avenida Guarapiranga e achavam que encontrariam lá algo muito diferente do que ocorreu ( clique aqui e leia os depoimentos na íntegra ).

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- Levamos as meninas até lá porque foi anunciado que teria distribuição de autógrafos. Imaginei que teria uma longa fila, com os integrantes do grupo sentados numa mesa. Mas não foi isso que elas encontraram e agradeço ao senhor de as duas estarem aqui em casa, inteiras - diz Roseleni.

A Secretaria de Segurança Pública informou que só nesta segunda-feira poderá saber se havia ou não laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros para realização do evento. É este laudo que indica a segurança do evento e a capacidade do local para abrigar o número de pessoas estimado.

A própria SSP, no entanto, admite que a Polícia Militar estava presente no local.

A responsabilidade pelo tumulto será apurada pela polícia. O caso foi registrado no 102º Distrito Policial.

De qualquer forma, é inusitado que uma banda internacional, que aparece diariamente em novela de tevê, se apresente pela primeira vez no país gratuitamente, no estacionamento de um hipermercado, em uma área populosa na periferia da capital paulista.

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José Augusto da Silva Ramos, subprefeito da Capela do Socorro, na zona sul, informou que o Extra Hipermercado foi notificado neste sábado por não apresentar a documentação necessária para a realização do evento. A loja possui apenas o alvará de funcionamento, o que impede a realização de atividades extras.

- Não houve comunicado por parte da empresa. Nesses casos, além de pedir autorização à Prefeitura, eles deveriam ter comunicado à Polícia Militar para que pudesse ser analisada a necessidade de envio de policiamento. Isso só depois da autorização municipal - disse Ramos.

O subprefeito informou que a empresa tem 48 horas para apresentar a documentação de permissão do show. Caso contrário, a Prefeitura vai mover uma ação civil contra o Grupo Pão de Açúcar. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou se preocupou em dar a assistência às vítimas e a seus familiares.

- Se não comunicamos a polícia, como eles estavam lá para auxiliar na organização? - rebate Paulo Pompílio, diretor de imprensa do Grupo Pão de Açúcar.

Segundo a gravadora EMI e o Extra Hipermercado-empresa do Grupo Pão de Açúcar-, organizadores do evento, a estrutura montada para a sessão de autógrafos do grupo RBD, foi dimensionada para atender ao público presente. Porém, segundo as empresas, "a euforia e a exaltação dos milhares de fãs presentes promoveu um grave tumulto". As duas empresas se pronunciaram, na tarde de ontem em nota oficial.

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Conforme o comunicado, "as empresas lamentam o ocorrido e informam que prestaram imediato socorro e atendimento às vítimas".

Ainda segundo os organizadores, "não houve quaisquer razões externas que pudessem colaborar para o acidente, fato gerado exclusivamente pela aglomeração dos fãs localizados próximo ao palco".

Em resposta às informações divulgadas de que parte de um alambrado teria cedido, a nota afirma que "toda estrutura física montada para o evento manteve-se intacta e, graças a isso, o acidente não teve maiores proporções".

Os organizadores dizem também que havia à disposição do público ambulâncias dotadas de UTIs, bombeiros, seguranças contratados, funcionários treinados e forte presença da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Trafego (CET).

A nota termina afirmando que os organizadores estão empenhados em prestar total assistência e acompanhamento às famílias e ao público presente ao evento.

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