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Atualizado em 19/10/2006, às 18h35

As caixas-pretas do Boeing e do Legacy confirmam: o transponder do jato da Excel Aire estava inoperante no momento da colisão com a aeronave da Gol. Também segundo a leitura dos equipamentos, o Legacy se comunicou com torre de controle de Brasília pouco antes de sobrevoar a capital federal. As informações foram dadas nesta quinta-feira pelo ministro da Defesa, Waldir Pires. A análise foi feita em Ottawa, no Canadá, e chegou nesta quarta ao Rio, trazida pelo presidente da comissão que investiga o acidente, o coronel Rufino Antônio Ferreira.

Depois de conversar com Rufino, o ministro disse que a transcrição das caixas-pretas confirma que o transponder do Legacy não estava em operação no momento da colisão. Mas ainda não há confirmação se o aparelho estava desligado ou quebrado ou se houve interrupção por causa de uma pane do avião.

- Não se sabe se estava desligado, se havia uma interrupção decorrente de uma pane. As comunicações não se deram e o transponder não estava funcionando - revelou Waldir Pires, em entrevista no Aeroporto Tom Jobim, no Rio.

O ministro também afirmou que houve uma comunicação entre o piloto do Legacy e o centro de controle de vôo antes de passar por Brasília. O piloto teria comunicado que voava a 37 mil pés. Segundo o ministro Waldir Pires os operadores de vôo sabiam da posição, mas esperavam que o jato cumprisse o plano de vôo baixando para 36 mil pés entre Brasília e a posição Teres.

- A primeira posição de qualquer piloto é cumprir o plano de vôo - disse Pires.

Ainda nesta quinta-feira, sem demonstrar muita segurança, o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, disse que as caixas-pretas do Boeing da Gol e do Legacy podem ter registrado apenas os últimos trinta minutos de vôo de cada aeronave. Ele foi alertado por assessores de que hoje em dia a caixa-preta pode gravar mais tempo de dados. Pouco depois, eles informaram que o equipamento é capaz de gravar as duas últimas horas de vôo.

A comissão que investiga o acidente ainda vai complementar a análise das caixas-pretas com outros dados e com novos depoimentos.

No dia 29 de setembro, um Boeing 737-800 da Gol e um jato Legacy se chocaram no norte do Mato Grosso, provocando a morte de 154 pessoas, a maior tragédia da aviação comercial brasileira.

Investigações

O delegado da Polícia Federal Renato Sayão, responsável pelo inquérito que investiga o acidente, esteve no Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) de Brasília nesta quarta-feira. Os técnicos mostraram a ele a reconstituição do trajeto das duas aeronaves. Sayão ainda vai buscar outras informações antes de ouvir os controladores de vôo das torres de controle de Manaus, Brasília e São José dos Campos. Nesta sexta-feira, ele vai ouvir um técnico da Embraer, fabricante do Legacy, que explicará o funcionamento do avião e o plano de vôo, elaborado pela empresa brasileira para os pilotos americanos.

Ainda falta uma vítima a ser identificada

Nesta quinta-feira, o Instituto Médico Legal de Brasília confirmou a identificação de mais uma vítima do desastre, aumentando para 153 o número de vítimas reconhecidas pelo IML. A 153ª vítima é a bióloga Joana D'Arc Ribeiro, de 53 anos, do Amazonas. A identificação - por teste de DNA - foi feita a partir de fragmentos do corpo trasladados do local do acidente. O único que ainda não foi reconhecido é o bancário brasiliense Marcelo Lopes, de 28 anos. O IML espera identificar o corpo de Marcelo até o fim desta semana, já que os peritos aguardam resultado de testes de DNA em alguns fragmentos.

A busca pelo cilindro de voz da aeronave continua. O equipamento tem que ser enviado ao Canadá para a transcrição dos diálogos entre a tripulação do Boeing. Mas o efetivo de homens no resgate foi reduzido na Fazenda Jarinã.

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