A mobilização para que o projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção chegasse ao Congresso envolveu mais de dois milhões de pessoas e um outro grande número de instituições públicas e do terceiro setor. O empresariado, na maior parte das vezes, manifestou-se por meio de associações de classe e sindicatos patronais. O empresário do ramo dos transportes Markenson Marques, entretanto, decidiu envolver sua empresa diretamente na militância contra a corrupção.
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Leia a matéria completaEm apoio à operação Lava Jato e ao projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção, o fundador da transportadora Cargolift, de Curitiba, personalizou 20 carretas da frota da empresa que circulam pelas rodovias do país como se fossem outdoors ambulantes.
“Eu acho que todo líder, não importa se empresário, líder de comunidade, síndico de condomínio, tem responsabilidade e tem que sair do anonimato porque tem capacidade de influenciar pessoas”, explica. Nas contas de Marques, considerando os 500 funcionários da empresa, ele consegue influenciar diretamente 2.500 pessoas.
O envolvimento do empresário – e da empresa – com causas sociais começou em 2013 quando ele foi convidado a participar de um evento na África do Sul e conheceu a história de um empreiteiro local que, depois de ter se envolvido em escândalos de corrupção no país, decidiu mudar os rumos de seus negócios e defender um ambiente empresarial mais justo.
Depois de voltar ao Brasil, Markenson fundou a versão nacional do movimento Corajosamente Éticos, uma associação que no país já conta com 40 empresas que promovem ações de combate à corrupção.
Corrupção não é só na política
Colocando a empresa na linha de frente dessas ações, Marques espera instigar outros empresários a seguirem o mesmo caminho. “A maioria dos empresários tem medo de expor sua marca porque tem medo de represálias. Eu espero incentivar outras empresas a combater concorrência desleal e principalmente a sonegação de impostos”, afirma.
Para ele, o combate à corrupção é importante, inclusive, para a valorização das empresas do país. “A Cargolift é uma empresa de médio porte, mas de 2011 para cá passou a ser assediada por fundos internacionais, com isso o valuation (valoração) da empresa no mercado se elevou. Nos últimos dois anos, com a crise, a corrupção e o descontrole no governo, o interesse dos investidores diminuiu, então o valor da empresa também diminuiu”, explica.
Na visão de Marques, não são apenas os políticos que devem ser convencidos a adotarem atitudes mais éticas. Para ilustrar seu ponto de vista ele relembra o que acontece às carretas carregadas de produtos que, ao tombarem nas rodovias, são comumente saqueadas.
O empresário conta que as ações não trazem nenhum lucro direto à empresa – pelo contrário, são dispendiosas, já que a personalização de cada carreta custa R$ 6 mil.
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