Fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio conseguiram apreender nesta quarta-feira (15) seis mil panfletos com propaganda contra o candidato do PV, Fernando Gabeira. O material foi encontrado em uma kombi no subúrbio de Coelho Neto, na zona norte do Rio. Os panfletos são os mesmos obtidos pela 'Agência Estado' em Bangu, na zona oeste. No mesmo veículo havia panfletos da campanha do candidato do PMDB, Eduardo Paes, e faixas da vereadora eleita Clarissa Garotinho (PMDB), filha dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho. Os fiscais também encontraram no carro faixas idênticas às que têm surgido no subúrbio com a frase "Sou suburbano com muito orgulho".
A frase caracteriza crime eleitoral de campanha negativa porque é uma alusão ao episódio em que Gabeira foi flagrado ao telefone acusando uma vereadora da região de ter "visão suburbana" e ser "analfabeta política". Desde o início do segundo turno, simpatizantes de Paes têm feito intensa campanha na periferia do Rio em desagravo aos suburbanos, contra o deputado verde. O tema foi encampado pela campanha de Paes, que até ganhou um verso parecido com a frase da faixa em seu novo jingle: "Sou suburbano com muito amor", diz a letra.
Os panfletos que ligam Gabeira a um empresário do ramo de transportes e o acusa de defender a transferência de um lixão para a zona oeste (que ele nega) têm a assinatura da Associação de Moradores do Morro São José da Pedra, em Madureira. A favela é um reduto eleitoral de Clarissa, cujo nome predomina nas placas políticas. Segundo os moradores, o presidente da associação, Jorge Pereira, trabalhou como cabo eleitoral da vereadora eleita e estaria agora ajudando Paes. Ele é presidente da zonal do PMDB em Madureira. Procurado pela 'Agência Estado', Ferreira não foi encontrado para dizer se os panfletos foram mesmo feitos pela associação. As ruas do morro também estão cheias de placas de Paes, mas, segundo moradores, apareceram há poucos dias.
Apesar de presidir o PMDB do Rio, Garotinho combateu a candidatura de Paes e faz oposição ao governador Sérgio Cabral, seu desafeto. Clarissa confirmou que Pereira trabalhou em sua campanha, mas disse que sua estrutura de campanha foi desmontada dois dias depois da eleição.
"Não fiz campanha a favor de Paes nem no primeiro turno, por que faria no segundo? Eu não teria motivo para fazer campanha contra Gabeira, que é uma pessoa que admiro. Reuni meu grupo após a eleição e disse que não assumiria nenhuma posição, até porque há fidelidade partidária", disse Clarissa, que está em Campos dos Goytacazes (Norte Fluminense), ajudando na campanha da mãe, que concorre à prefeitura da cidade. "Se há alguma tentativa de criar uma intriga minha com Gabeira, que isso seja desmentido e desmontado".
Dois homens e duas mulheres que estavam na kombi foram levados para a Polícia Federal para prestar esclarecimentos. Paes classificou de "inaceitável" a campanha difamatória e disse que também tem sido vítima da tática. Ele disse que se houver alguém de sua campanha envolvido irá afastar.