Pedro Parente, presidente da Petrobras indicado pelo presidente interino, Michel Temer| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo/

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou em encontro no Tribunal de Contas da União (TCU) que a justiça dos Estados Unidos está usando dados dos julgamentos do órgão nacional de controle para subsidiar as ações de minoritários da empresa que pedem indenização devido aos escândalos de corrupção.

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Em sessão pública desta quarta-feira (22), o ministro Benjamin Zymler afirmou que foi procurado pelo novo presente da estatal que manifestou essa preocupação. Segundo o presidente, as decisões do TCU são muito consideradas no julgamento, especialistas estão traduzindo os documentos do órgão no processo e os juízes vão utilizar esses dados para tomar a decisão de condenar ou não a empresa a indenizar seus acionistas pelas perdas.

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Outro ministro, Vital do Rego, que cuida do processo que apontou perdas de quase US$ 800 milhões (quase R$ 3 bilhões) na aquisição da Refinaria de Pasadena, nos EUA, disse que o julgamento deverá ocorrer em oito semanas.

O TCU vem apontando pelo menos desde 2008 problemas nas concorrências da estatal. A petrolífera e o governo sempre tentaram barrar o prosseguimento das investigações e a paralisação das obras. Há pelo menos 20 ações no Supremo Tribunal Federal (STF) em que a Petrobras conseguiu liminar para que as obras e licitações não fossem investigadas. Em 2010, o ex-presidente Lula vetou decisão do Congresso baseada em pedido do TCU de impedir o prosseguimento da obra da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Segundo Zymler, ele explicou ao presidente Parente que o TCU considera que a empresa é “vítima” e que foi “assaltada” por vários agentes. Ele reconheceu que o processo americano pode ter um “efeito dramático” sobre as finanças da estatal e sugeriu aos outros ministros que o TCU faça uma espécie de explicação aos juízes sobre o papel do TCU, que é de proteger a empresa.

“Talvez seja importante esclarecer junto ao juízo americano que a Petrobras é a vítima, e não a causadora”, disse o ministro lembrando que isso ainda terá que ser decidido pelos outros ministros.

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Inidoneidade

Parente visitou o TCU no dia em que o órgão iniciou um segundo processo para tornar empresas que formaram o cartel descoberto pela Lava Jato inidôneas, ou seja, impedidas de contratar com a administração pública por até cinco anos.

Esse processo é referente apenas a contratos estimados em R$ 11 bilhões na Refinaria de Abreu e Lima em que o TCU aponta indícios de que o cartel os superfaturou em, no mínimo, R$ 1,9 bilhão. O ministro afirmou que Parente disse a ele que ainda estuda se vale a pena concluir a obra, que foi parcialmente inaugurada em 2014 após oito anos de construção.

Nesse processo, 16 empreiteiras terão 15 dias para apresentar defesa sobre os indícios de irregularidades apontados como conluio e formação de cartel. De acordo com o ministro, é necessário ainda esperar as respostas das empresas antes de falar em condenação, mas as provas contra elas, que veem da operação Lava Jato, são “robustas”.

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De acordo com Zymler, o fato das empresas estarem colaborando com delações premiadas pode vir a ser considerado no julgamento até mesmo para abrandar as penas. Mas, segundo ele, também é preciso considerar que há outros processos dentro do TCU em que se julgam as condutas das companhias que podem fazer com que as penalidades sejam aumentadas.

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As empresa que terão que apresentar defesa são: Construtora Norberto Odebrecht S.A. e Odebrecht Plantas Industriais e Participações S.A; Construtora OAS S.A; Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A; Construtora Andrade Gutierrez S.A; Construtora Queiroz Galvão S.A; Engevix Engenharia S.A; Iesa Óleo & Gás S/A; Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A; MPE Montagens e Projetos Especiais S.A; Toyo Setal Empreendimentos Ltda; Skanska Brasil Ltda; Techint Engenharia e Construção S.A; UTC Engenharia S.A; GDK S.A; Promon Engenharia Ltda; Galvão Engenharia S.A.

Além disso, os ex-diretores Renato Duque e Paulo Roberto Costa e o ex-gerente Pedro Barusco também vão ter que apresentar explicações sobre as condutas que tiveram na formação do cartel. De acordo com o ministro, se foram condenados, poderão ficar até oito anos sem poder ocupar cargos públicos, além de pagar uma multa.

No mesmo processo, o TCU decidiu mudar o formato como calcula como as empresas vão devolver o dinheiro desviado nas obras de parte dos processos da Petrobras. De acordo com Zymler, até agora o órgão vinha tentando comparar os custos reais que as empresas tiveram com o que a Petrobras pagava, o que chegava a valores em média 50% superiores pagos pela estatal nos contratos do cartel.

Mas, segundo ele, esse método é complexo e pode demorar muito se usado para todos os processos. Com isso, os técnicos foram autorizados a trabalhar com uma média de 17% de superfaturamento em todos os contratos. Essa média foi obtida através de estudos feitos no próprio tribunal em 2015, comparando obras em que o cartel atuava, com outras em que havia disputa de fato.

Por esse método, o TCU chegou à conclusão de que somente nas obras da diretoria de abastecimento, onde atuava Paulo Roberto Costa, a Petrobras teria tido um prejuízo de R$ 9 bilhões. Se o mesmo método for extrapolado para todos os contratos da empresa, o prejuízo estimado seria de R$ 29 bilhões.

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