Coronel discutiu com o vereador de São Paulo Gilberto Natalini, que havia relatado à comissão as torturas às quais foi submetido| Foto: Wilson Dias/ABr

Mesmo com decisão judicial que lhe dava o direito de não falar, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra rebateu nesta sexta-feira (10) as acusações sobre crimes cometidos durante a ditadura. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele negou a acusação do Ministério Público Federal de ocultação de cadáver.

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"Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei", disse Ustra, que comandou o Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi/SP), entre 1970 e 1974.

O coronel também negou que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.

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Ao responder questionamentos dos membros da comissão, o coronel chegou a exaltar-se em alguns momentos e acusava-os de mentir. "A mentira me revolta."

Pouco antes do fim do depoimento, o coronel discutiu com o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV), que havia relatado à comissão pouco antes as torturas às quais foi submetido durante a ditadura e assistia à sessão. "Não faço acareação com terrorista", disse Ustra, referindo-se a Natalini. "Não sou terrorista. Terrorista é o senhor", rebateu Natalini.

Além do coronel Ustra, também falou à comissão o ex-sargento Marival Chaves, que atuou na mesma instituição e já prestou dois depoimentos espontâneos à CNV.

Marival Chaves e Carlos Ustra estão sendo ouvidos dentro da linha de pesquisa dos grupos de trabalho sobre as Graves Violações de Direitos Humanos cometidas por agentes do Estado ou pessoas a seu serviço entre 1946 e 1988.

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