Mensagem de Vaccarezza a Cabral irrita petistas
A mensagem de Vaccarezza enviada ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), provocou uma crise no partido. Nos bastidores, a irritação está tanta que há petistas pedindo a saída de Vaccarezza da comissão. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou nesta sexta-feira não ver motivos para a substituição do deputado.
"Foi mais uma prestação de serviço (de Vaccarezza) para se credenciar junto ao governador porque, do ponto de vista prático não tem utilidade nenhuma", disse Tatto. O líder petista afirmou que a mensagem encaminhada via celular durante a reunião da CPI não representa a posição do partido. "A mensagem é a opinião que ele (Vaccarezza) possa ter. Não é motivo (de substituição na CPI), porque a opinião dele não tem efeito prático nenhum. O Cabral não está sendo objeto de convocação. É mais uma prestação de serviço de forma desnecessária", continuou.
O ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado na quinta-feira trocando mensagens de texto com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, nas quais prometia que o PT vai assegurar a proteção do governador na CPI do Cachoeira. Em imagem exibida à noite no Jornal do SBT (veja a reportagem em vídeo), Vaccarezza envia uma mensagem de texto dizendo que Cabral não precisava se preocupar, apesar das arestas entre seus partidos: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)", disse no texto.
Vaccarezza foi o principal defensor de que o requerimento que determinava a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico da construtora Delta se ativesse às subsidiárias dela no em Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A oposição queria que os sigilos da matriz, que fica no Rio de Janeiro, e das subsidiárias de outros estados também fossem quebrados.
- Não estamos fazendo devassa, mas muitos aqui querem devassa. A CPI não pode se transformar numa casa de espetáculo ou de devassa - criticou o deputado durante a sessão, para completar dando o tom da blindagem. - Se tiver superfaturamento em uma obra ou outra, não é competência desta CPI.
A Delta se tornou uma das grandes construtoras do país justamente após firmar grandes contratos no Rio. hoje, durante toda a discussão do requerimento que tratava do sigilo da construtora, Vaccarezza manteve-se sentado entre os deputados fluminenses Leonardo Picciani (PMDB) e Filipe Pereira (PSC) - principais aliados de Cabral no colegiado - debatendo que condução dar à votação. Em vários momentos, o petista levantou-se e foi à mesa diretora para conversar com o relator Odair Cunha (PT-MG). No fim da sessão, foi o relator quem negou a possibilidade de se ampliar a quebra de sigilo.
"Irritação"
Vacarezza alega que a mensagem foi enviada num momento de irritação com o PMDB. "A mensagem pessoal foi num momento de irritação, de discussão com o PMDB", disse o deputado em entrevista à rádio Estadão/ESPN nesta sexta-feira.
Além de justificar a mensagem, o deputado petista defendeu o governador do Rio de Janeiro: "Cabral não teve nenhuma citação telefônica em nome dele, não tem nenhum envolvimento com a quadrilha do Cachoeira." E frisou: "Tenho tranquilidade pra defender Cabral porque não tem nada contra ele."
O parlamentar petista disse que até o momento só existe motivo para convocar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), integrante do partido de oposição ao PT. E destacou que não houve acordo para proteger os governadores envolvidos nas escutas que vazaram para a imprensa. Além de Cabral e de Perillo o governador do Distrito Federal, Agnello Queiroz (PT), também teve seu nome envolvido nessas gravações.
Vaccarezza disse também que não se pode fazer da CPI um motivo para devassar a vida das pessoas. "Quebra sigilo, convoca, submete à humilhação e chega lá e não tem nada. Tem de ter certeza que o cidadão está envolvido pra convocar", disse, reiterando: "não estou blindando Cabral porque ele não faz parte dos investigados".
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