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A prisão preventiva constrangeu e gerou preocupações no partido e no governo, além de dar fôlego à tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff | Antônio More/Gazeta do Povo
A prisão preventiva constrangeu e gerou preocupações no partido e no governo, além de dar fôlego à tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira (15), em São Paulo, em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga corrupção, pagamento de propinas e formação de cartel na Petrobras. O juiz Sergio Moro ordenou a prisão preventiva de Vaccari apontando risco de o dirigente petista, “em tal posição de poder e de influência política”, persistir na prática de crimes “ou mesmo perturbar as investigações e a instrução” da ação penal da qual é réu sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.

Empresa teria pago pagou R$ 2,5 mi em propina

Segundo os investigadores, os serviços de publicidade não chegaram a ser prestados. A força tarefa investiga o destino final do dinheiro

A força-tarefa da Lava Jato investiga a participação de uma nova empresa de publicidade no esquema. Segundo o procurador-regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, há um registro do pagamento de R$ 2,5 milhões a mando de João Vaccari para a Editora Gráfica Atitude, de São Paulo, mesmo sem prestação de serviços. Segundo o procurador, a situação foi detalhada pelo executivo Augusto Mendonça, em delação premiada, e é referente à campanha presidencial de 2010.

“O serviço nunca foi prestado e, para a investigação, fica claro que foi para quitar o pagamento de propina”, explica o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula. A Gráfica Atitude está em nome de dois sindicatos ligados ao PT: Metalúrgicos do ABC e Bancários. Segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, um dos dirigentes que atuou na gráfica até 2010 é José Lopes Feijó, hoje assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência.

“Muitas empresas são forçadas a entrar no esquema para conseguir trabalho”, afirma Lima sobre a participação de empresas de publicidade e propaganda no esquema. Lima afirmou ainda que a área de publicidade é muito utilizada para desvio de recursos. Segundo o procurador, a força-tarefa ainda investiga a origem de todos os recursos desviados dessa maneira. A força tarefa pediu ainda a quebra de sigilo fiscal e financeiro da gráfica, mas ainda aguarda decisão judicial.

Ao jornal O Globo, o diretor da gráfica, Paulo Salvador, disse que não vai se manifestar até que tenha acesso à denúncia.

Mais de 200 empresas

Durante cumprimento de um mandado de busca e apreensão da 11ª fase da Lava Jato, na sexta-feira (10), a Polícia Federal encontrou com o ex-deputado federal André Vargas uma lista com cerca de 200 empresas do ramo de publicidade supostamente usadas no esquema. O fato foi revelado em despacho do juiz federal Sergio Moro. Segundo a PF, há empresas paranaenses envolvidas no esquema.

A prisão preventiva constrangeu e gerou preocupações no partido e no governo, além de dar fôlego à tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff defendida por parte da oposição.

Já o presidente do PT, Rui Falcão, informou em nota que o tesoureiro “solicitou seu afastamento” do cargo “por questões de ordem práticas e legais”. A nota, porém, mantém o discurso de “confiança na inocência” de Vaccari, apontado por investigações da Polícia Federal (PF) como operador de propina do PT no esquema na Petrobras.

A decisão foi divulgada poucas horas depois do encontro emergencial entre Falcão e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do partido e o advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D’Urso, classificaram a prisão como “injustificada” e “desnecessária”. A defesa afirmou ainda que vai entrar com habeas corpus.

O pedido de prisão de Vaccari foi feito pela PF em meados de março e cumprido na manhã desta quarta na casa dele, em São Paulo. Logo depois, foi conduzido para a sede da Superintendência da PF em Curitiba. O mandado também contemplava o depoimento da mulher do petista, Giselda Rousie de Lima, que foi tomado ainda em São Paulo. A cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima, também seria presa, mas não foi encontrada.

Fundamentos

O motivo da prisão de Vaccari é reiteração criminosa, segundo os procuradores, já que o tesoureiro teria trajetória de operações suspeitas desde 2004. Ele responde a uma ação penal envolvendo a Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop), por doações a partidos, desde 2010. Conforme a decisão do juiz Moro, ao menos cinco delatores da Lava Jato citaram o nome do tesoureiro como operador da propina do PT de contratos da Petrobras (veja ao lado).

Os delatores contaram como era feita a intermediação da propina e citaram casos específicos de verbas ilícitas que chegaram ao PT por meio de Vaccari. Alguns empresários relataram que foram levados pelo tesoureiro a fazer doações eleitorais diretamente ao partido. Em outro caso, ele teria pedido que o dinheiro fosse pago diretamente a uma gráfica que prestava serviços para a legenda.

Moro justifica as prisões também com outras provas, como comprovantes de pagamentos e doações eleitorais oficiais de empresas ao PT. O juiz considera ainda que há indícios de enriquecimento ilícito de familiares do tesoureiro.

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