O empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de chefiar a máfia das ambulâncias , e que depõe nesta terça-feira no Conselho de Ética da Câmara, continua confirmando o envolvimento dos deputados citados pela CPI dos Sanguessugas em seu relatório parcial. Vedoin confirmou, por exemplo, que foi por intermédio do empresário Abel Pereira que conseguiu a liberação de emendas no Ministério da Saúde no final do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o ministro da Saúde era Barjas Negri (PSDB). Em troca de emendas que beneficiavam a empresa Planan, de sua propriedade, Vedoin combinou com Abel, segundo informou ao Conselho, propina de 6,5%. Barjas Negri também depõe nesta terça-feira na CPI dos Sanguessugas.

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Vedoin confirmou ainda pagamento de propina para a deputada Elaine Costa (PTB-RJ) e Almir Moura (PFL-RJ), que teria recebido um ônibus para futura negociação com a Planan. Sobre o deputado Wellington Fagundes (PL-MT), que foi um dos cinco acusados pela CPI que conseguiram se reeleger, disse não ter tido contato direto, mas que uma pessoa ligada a ele teria recebido benefício de Ronildo Medeiros, sócio dos Vedoin.

O deputado Pedro Henry (PP-MT), outro reeleito mesmo após ter seu nome fichado na lista da CPI, teria recebido, conforme afirmou Vedoin, um veículo. O carro teria sido usado e devolvido. O dono da Planan confirmou pagamento também ao deputado José Divino (PMR-RJ) por meio de depósito na própria conta do deputado. Ele disse que Érico Ribeiro (PP-RS) recebeu R$ 10 mil para a disputa do segundo turno da eleição municipal em Pelotas em 2004. Já os deputados Cesar bandeira (PFL-MA) e Enivaldo Ribeiro (PP-PB) teriam recebido propina via assessores.

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O quarto-secretário da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), teria recebido, segundo confirmou Vedoin, pagamento de volume significativo e recebido dinheiro em conta e em mãos. O empresário disse que nunca esteve pessoalmente nem com Barjas Negri (ex-ministro da Saúde tucano), nem com Humberto Costa (ex-titular da pasta no governo Lula). Ele disse acreditar que Abel tivesse contato com Barjas Negri. Os membros do PT no conselho centralizam as perguntas no caso do envolvimento de Abel com a máfia.

Vedoin disse ainda que o deputado Ricarte de Freitas (PTB-MT) participava do esquema, recebendo propina sempre em dinheiro. Segundo ele, Ricarte o apresentava a vários deputados, o que acabou rendendo acordo com o deputado Ricardo Rique (PL-PB).

Empresário nega dossiê anti-Mercadante

Em seu depoimento, Vedoin negou que tenha oferecido a tucanos um dossiê contra o senador Aloizio Mercadante (PT), derrotado na disputa do governo de São Paulo. Em depoimento na PF, o empresário Abel Pereira, acusado pela família Vedoin de receber propina para facilitar a liberação de emendas em favor das empresas do grupo Planam declarou que Luiz Antônio queria lhe vender documentos contra o senador.

A pergunta foi feita pelo deputado Fernando Coruja (SC), líder do PPS na Câmara. No entanto, Vedoin confirmou que repassou dinheiro aos deputados Edir Oliveira (PTB-RS) e Paulo Feijó (PSDB-RJ), cujos processos são relatados por Fernando Coruja.

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O empresário depõe para os relatores dos 67 processos de cassação abertos contra os deputados acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. O depoimento está sendo realizado em sessão aberta porque o Conselho rejeitou, por dez votos, o pedido de Vedoin para que falasse em sessão reservada.

Vedoin foi convidado e poderia recusar porque somente em caso de convocação a pessoa é obrigada a comparecer. Os próprios acusados também poderão fazer perguntas ao empresário. Vai ser a primeira vez que os acusados ficam cara a cara com Vedoin.

Renúncias

Segundo Izar, os deputados Josias Quintal (PSB-RJ) e Almir Sá (PL-RR) pediram para sair do conselho. Os dois não foram reeleitos no pleito de outubro. Já o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) considerou-se impedido de ser o relator do processo contra o deputado Wellington Fagundes (PL-MT), por ter ligações políticas com o parlamentar.

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