O doleiro Alberto Youssef, preso desde março em Curitiba, teria dito em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de recursos na Petrobras, de acordo com reportagem publicada pela revista "Veja". Em entrevista concedido ao jornal "O Globo", no entanto, o advogado do doleiro diz que foi surpreendido com a reportagem e que não tem conhecimento da informação citada pela revista.
Segundo a revista, que adiantou a divulgação de parte da reportagem em seu site, o doleiro - que fez um acordo de delação premiada com as autoridades para tentar reduzir as penas a que está sujeito pela participação no esquema - disse na terça-feira ao delegado que presidia o interrogatório que o Planalto sabia de tudo que acontecia na estatal. "Mas quem no Planalto?", teria perguntado o delegado, de acordo com o relato da revista. "Lula e Dilma", teria respondido Youssef.
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, havia revelado em depoimento ao Judiciário que 3% do valor dos contratos da estatal com empreiteiras eram divididos entre o PT, o PMDB e o PP -partidos responsáveis pelas indicações dos membros da diretoria.
No dia 17 deste mês, a Folha de S.Paulo informou que Costa, no seu acordo de delação premiada (esse já homologado, ao contrário do de Youssef), informou que o então presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, recebeu R$ 10 milhões para esvaziar uma CPI que investigava a estatal, em 2009.
"Nunca ouvi nada que confirmasse isso", diz advogado
Em entrevista ao site do jornal O Globo, O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, confirmou que o doleiro prestou depoimento à Polícia Federal de Curitiba na última terça-feira, mas disse não ter conhecimento da informação citada pela revista. "Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso" afirmou Basto.
Ele disse que Youssef prestou muitos depoimentos no mesmo dia e que o doleiro estava acompanhado de advogados de sua equipe. "Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação."
Basto também disse que a defesa não possui cópia do que foi falado por Youssef à Polícia Federal. "Nós não temos como pegar em mãos e não ficamos com cópia de nada. Então, não nego nem confirmo se esse depoimento é verdadeiro, se essa informação foi dada ou não e se sim, em quais circunstâncias."
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com os advogados de Youssef, mas eles preferiram não comentar o assunto. "Nós da defesa estamos mantendo o sigilo do depoimento da delação", disse Adriano Brettas. "Não confirmo nem desminto nada. Esse assunto é sigiloso", disse Antônio Figueiredo Basto.
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